O Dia Mundial da Saúde e Nutrição, celebrado em 31 de março, é uma oportunidade para refletirmos sobre a forma como tratamos nosso recurso mais importante: o corpo. A pandemia de Covid-19 provou que, muito além de uma questão estética ou de bem-estar, alimentar-se bem e fazer exercícios são hábitos essenciais para que a nossa saúde esteja sempre em dia.
A nutricionista do Ambulatório do Instituto Butantan, Jéssica Sousa, conta que, antes da pandemia, quem buscava orientação vinha por duas razões: perder peso e se alimentar corretamente. Mas a quantidade de esforço que cada um dedicava à mudança não era assim tão grande. Com a Covid-19, isso mudou. “As pessoas estão mais preocupadas em se alimentar melhor, dormir melhor. Percebo uma preocupação em relação à saúde. Antigamente era ‘se der pra fazer, eu faço’.”
Estar com o sistema imunológico em dia é uma precaução a mais contra a Covid-19. E a qualidade do nosso sistema imunológico depende diretamente do que comemos, quando comemos e de que forma comemos – e é muito fácil perder a mão desse controle ao trabalhar de casa ou se estamos com o emocional abalado.
“As pessoas não sabem como será o dia de amanhã. Tem a questão econômica, emocional, a saúde, tudo ao mesmo tempo. E aí vemos um quadro de piora. Pessoas com ansiedade, comendo mais, fazendo escolhas erradas”, explica Jéssica.
Hora de ligar o alerta vermelho
OBSERVE-SE: Quando surge um sentimento ruim, um desconforto emocional, você recorre à comida para se sentir melhor? Preste atenção a possíveis gatilhos que levam a um comer exagerado ou específico (a famosa “vontade de um doce, um bolo, um refrigerante…”). Talvez você ainda não tenha percebido esse padrão.
O que fazer?
Jéssica Sousa concorda que, em tempos como os de hoje, é fácil escorregar para uma bolacha, um salgadinho. Afinal, preparar o próprio suco parece muito esforço após um longo dia de trabalho – bem mais prático tomar um refrigerante. O problema é quando esses comportamentos viram rotina e, de repente, já é tarde demais.
O mais importante é organizar a rotina, mantendo os horários habituais, seja no home office ou no trabalho presencial. Ter uma rotina bem estabelecida de refeições evita que você passe o dia beliscando, lembra a nutricionista.
Também é fundamental deixar de comprar tudo pronto. Crie o hábito de preparar boa parte das suas refeições. Você pode aproveitar esse tempo para aprender a cozinhar e incorporar receitas mais saudáveis ao dia a dia.
Em resumo: mantenha uma rotina alimentar, não pule refeições e priorize alimentos in natura ou minimamente processados – mesmo que eles custem um pouquinho mais e deem mais trabalho, o benefício para a saúde e a imunidade equilibram a conta.
10 dicas preciosas do Guia Alimentar para a População Brasileira
A alimentação tradicional do Brasil é rica em nutrientes e muito variada. Mas, nos últimos anos, com a vida intensa das grandes cidades, os hábitos alimentares dos nossos avós têm sido deixados de lado. O Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pela primeira vez em 2006 e reeditado em 2014, é um documento criado pelo Ministério da Saúde que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável e tem como objetivo não só a manutenção da saúde da população, como também dar bases para a educação alimentar e nutricional e resgatar a riqueza da alimentação tradicional brasileira.
1. Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação
2. Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias
3. Limitar o consumo de alimentos processados
4. Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados
5. Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia
6. Fazer compras em locais que ofertem variedades de alimentos in natura ou minimamente processados
7. Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias
8. Planejar o uso do tempo para dar à alimentação o espaço que ela merece
9. Dar preferência, quando fora de casa, a locais que servem refeições feitas na hora
10. Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais