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Vacina da gripe: Butantan entrega primeiro lote de 19,8 milhões de doses para imunização contra a doença no SUS

Mais de 67 milhões de doses serão despachadas até o final de abril; gestantes, puérperas, crianças, idosos e indígenas estão entre os públicos que devem ser imunizados


Publicado em: 14/03/2025

Reportagem: Natasha Pinelli
Fotos: José Felipe Batista e Renato Rodrigues

 

Entre terça e sexta desta semana (11 e 14/3), o Instituto Butantan entregou as primeiras 19,8 milhões de doses da vacina trivalente contra a gripe que será usada pelo Ministério da Saúde na campanha nacional de imunização deste ano. A expectativa é que aproximadamente 45 milhões de doses sejam disponibilizadas até o final de março, garantindo assim que o volume adequado de imunizantes seja ofertado em todas as salas de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). Até o final de abril, época em que a campanha nacional de vacinação costuma acontecer, outras 22,6 milhões de doses já terão sido entregues.

Capaz de provocar infecção aguda no sistema respiratório e com grande potencial de transmissão, a gripe é desencadeada pelo vírus influenza, podendo evoluir para quadros graves de pneumonia. Dos 80.618 casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório em 2024, 16,5% foram de influenza A e 2,1% de influenza B, segundo o boletim InfoGripe da Semana Epidemiológica 52 2024.

Todos os anos, o Instituto Butantan entrega cerca de 80 milhões de doses de vacina Influenza ao Ministério da Saúde (Foto: José Felipe Batista)

 

Devido à rápida velocidade de mutação e adaptação do vírus, o imunizante contra a gripe precisa ser atualizado anualmente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) acompanha a circulação do vírus no mundo e indica quais são as cepas mais incidentes, ou seja, que devem estar contidas nas vacinas. São publicadas duas recomendações: uma em fevereiro, específica para os países do hemisfério Norte; e outra em setembro, para as nações do hemisfério Sul. O objetivo da alteração é garantir que os três vírus utilizados na composição da vacina – daí o termo “trivalente” – correspondam àqueles que estão em circulação no momento, reduzindo as chances de infecção. É por isso que mesmo quem se vacinou recentemente deve receber a versão atualizada do produto. Em 2024, apenas 55% da população alvo brasileira foi vacinada – a meta preconizada pela OMS é de 90%.

 

Cerca de 1/4 do volume total de imunizantes previstos para este ano já foi despachado ao órgão federal na primeira semana de entregas (Foto: Renato Rodrigues)

 

As 67 milhões de doses que o Butantan encaminhará ao Ministério da Saúde até o final de abril contém as cepas do vírus influenza A/Victoria (H1N1), A/Croácia (H3N2) e B/Áustria (linhagem Victoria) – as mais incidentes no hemisfério Sul neste ano. Além desses lotes, entre agosto e setembro o Instituto enviará uma nova remessa com 5,9 milhões de doses, dessa vez com as cepas indicadas para o hemisfério Norte. Os imunizantes serão utilizados na vacinação dos estados do Norte do Brasil – em 2025, a formulação recomendada pela OMS é a mesma para ambos os hemisférios. Desde 2023, a campanha na região passou a ser feita no segundo semestre, levando em consideração as particularidades do início do inverno amazônico. 

 

A vacina é a melhor forma de prevenir a infecção pelo vírus influenza, causador da gripe (Foto: Renato Rodrigues)

 

Mudanças na estratégia
A vacinação contra a gripe em 2025 traz uma novidade: o imunizante foi incorporado ao Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes e pessoas 60+, e será ofertado ao longo de todo o ano para esses públicos. Anteriormente, a campanha acontecia em período específico – entre março e maio, época que precede o inverno e quando acontece maior circulação do vírus influenza.

O objetivo da nova estratégia é ampliar a proteção contra a doença e garantir um acesso mais abrangente e eficaz à vacina. A imunização contra a gripe seguirá de forma sazonal para outros grupos, como puérperas, povos indígenas, pessoas com doenças crônicas, profissionais da saúde, professores, trabalhadores das forças de segurança e população privada de liberdade.