Nesta segunda (12/6), o Instituto Butantan deu boas-vindas a alguns dos futuros – e promissores – cientistas do Brasil. São 19 estudantes do 2º e 3º ano do Ensino Médio, destaques em ciência e biologia, e que a partir de agora integram a primeira turma do Programa Educacional Cientista Mirim. Coordenado pela Escola Superior do Instituto Butantan (ESIB), o curso teórico-prático tem como objetivo ampliar o conhecimento prático dos alunos por meio de vivências de seis horas semanais nos laboratórios da organização.
“É um grande orgulho para todos nós termos essa ação aqui, uma vez que nos preocupamos muito com a educação e a formação científica”, afirmou o diretor de Imunobiológicos do Instituto Butantan, Rui Curi, enviando uma mensagem de otimismo à ciência brasileira. “Precisamos acreditar nos jovens. São eles que podem fazer um país diferente, capaz de trazer soluções para os seus próprios problemas e para a humanidade”, reforçou.
O diretor de Imunobiológicos do Instituto Butantan, Rui Curi, recepcionou os possíveis futuros cientistas da instituição
O evento reuniu alunos, professores, pais, pesquisadores e representantes da ESIB, além do jornalista Iberê Thenório, do canal Manual do Mundo, que soma quase 18 milhões de inscritos no YouTube. Durante sua fala, o divulgador científico relembrou os momentos difíceis da pandemia de Covid-19 e a importância dos cientistas para que a humanidade conseguisse vencer esse desafio. “A ciência não acontece por si. Existe um esforço, uma luta constante. Precisamos de novas gerações para levar isso adiante. É aí que o Butantan cruza com a minha missão de vida: fazer com que os olhos das pessoas brilhem por ciência”, disse.
Referência da nova geração, o jornalista Iberê Thenório alia divulgação científica ao entretenimento
Seleção concorrida
Com mais de 100 inscritos, o processo seletivo do programa dividiu-se em duas etapas. Na primeira, foram avaliadas as cartas motivacionais enviadas pelos candidatos, acompanhadas também das indicações dos respectivos professores de biologia. Depois, 50 alunos seguiram para a fase de entrevistas. “Quisemos proporcionar uma experiência positiva, independentemente do resultado. Mostramos a todos os finalistas que eles eram vencedores por terem chegado até ali”, ressaltou a pesquisadora científica do Laboratório de Dor e Sinalização do Butantan e coordenadora do programa Vanessa Zambelli, que apontou o processo seletivo como o mais difícil de sua vida.
"Quem sabe não temos um futuro Prêmio Nobel aqui entre nós?", brincou a pesquisadora e coordenadora do programa Cientista Mirim Vanessa Zambelli
A cientista também mostrou a importância da infraestrutura e da participação dos pesquisadores-mentores dos laboratórios de Dor e Sinalização, Coleções Zoológicas, Bacteriologia, Herpetologia, Fisiopatologia, Tecnologia Aplicada, Farmacologia, Imunopatologia, Biofármacos e do Centro de Excelência para Descoberta de Alvos Moleculares do Butantan (CENTD), onde ao longo de seis meses os jovens terão a chance de explorar um ambiente bem diferente do escolar. “Será uma experiência rica para todos, pois vamos aprender juntos. Teremos que nos reinventar, aprender uma nova linguagem e rejuvenescer nossos laboratórios.”
Geração ciência
Na plateia, era possível identificar as feições atentas e ansiosas dos novos alunos, observados pelos olhares orgulhosos dos inúmeros pais e mães que fizeram questão de acompanhar e demonstrar apoio diante da nova conquista de seus filhos e filhas.
O químico Marcos Viceli não conseguia esconder o orgulho de ver a filha, Giovana, se aprofundar no universo da ciência
“Não tenho dúvidas de que será uma experiência incrível. Vou descobrir muitas coisas, aprender ciência nunca é demais”, disse Giovana Viceli, 16 anos. Pelas lentes de seu celular, o pai da aluna, Marcos, fez questão de registrar os principais momentos da solenidade. “A ciência faz parte da nossa família, mas todo o mérito é dela, que se esforça para sempre conhecer e buscar o novo. Nosso papel é o de acompanhar e dar apoio”, completou.
A Cientista Mirim Heloisa Julia na companhia do pai, Rafael
Para Heloisa Julia Silva, 16, uma das oportunidades que mais lhe chamou atenção é o fato de poder conviver com inúmeros cientistas. A estudante, que diz gostar de ciência desde pequena, estava acompanhada do pai, Rafael Bruno. “Estar aqui é ver o sonho dela começar a se tornar realidade.” Já o sorriso de João Victor Zaboto, 17, revelava a empolgação do estudante em ter conquistado uma das concorridas vagas de Cientista Mirim. “É uma realização estar aqui, estou muito animado e emocionado”, declarou, fazendo questão de posar ao lado do pai, Sérgio, e da mãe, Geisa.
Só sorriso: o estudante João Victor Zaboto, em meio aos pais, Sérgio e Geisa
Referência para a nova geração, Iberê Thenório citou o potencial do projeto em identificar e guiar as novas mentes brilhantes que estão despontando no meio científico. “Se ninguém direcionar, mostrar para esses alunos o que é ciência na prática, podemos perdê-los pelo caminho. Tenho certeza que, dentro de alguns anos, vamos ver esses cientistas mirins se tornarem os futuros pesquisadores do Butantan, orientando as próximas gerações do programa”, concluiu.
Especialização em Biotérios
Ainda na manhã desta segunda, também foram recepcionados os 20 novos alunos do 3º Curso de Especialização em Biotérios. O diretor da ESIB, Marcelo Larami Santoro, mencionou a relevância do programa, que é tido como um dos pioneiros entre a comunidade científica ao oferecer uma abrangência única sobre o manejo de animais em laboratório.
Reportagem: Natasha Pinelli
Fotos: Rafael Simões/Comunicação Butantan