Curioso e teimoso: esses eram os apelidos que Wilmar Dias da Silva, liderança científica do Instituto Butantan, recebia da avó quando criança. Entre outras estripulias, ele vivia quebrando escondido os ovos das galinhas que ela criava para tentar descobrir como os pintinhos se desenvolviam. Hoje, com uma vida quase centenária dedicada à pesquisa, o imunologista acumula contribuições que atravessam as fronteiras do Brasil. Liderou a construção de um serpentário para produção de antivenenos na África; a descoberta de uma importante molécula mediadora da inflamação; a recuperação da produção de soros do Butantan na década de 1980; a criação do atual Centro de Desenvolvimento Científico (CDC) do Instituto; e o desenvolvimento do soro antilonômico, que salva vidas de pessoas envenenadas pela lagarta Lonomia obliqua.
No auge de seus 93 anos e com o entusiasmo de um rapazote de 20, o professor não para: sobe e desce as escadas do famoso Prédio Novo do Butantan todos os dias para trabalhar no Laboratório de Imunoquímica, que ajudou a implantar e dirigiu entre 1988 e 1996. Apesar do nome, ele lembra que o edifício foi construído na década de 1940 e costumava abrigar a produção de soros. Até hoje, orienta estudantes, participa de experimentos e marca presença em todos os eventos do Instituto.