Portal do Butantan

Reforço da CoronaVac induz resposta contra a ômicron, diz estudo chileno publicado na Vaccines

Resultados de fase 3 mostram que a terceira dose da vacina produz anticorpos e células T contra variante de preocupação


Publicado em: 05/01/2023

Um ensaio clínico chileno de fase 3 revisado por pares e publicado na revista Vaccines, anteriormente divulgado em preprint, mostrou que a dose de reforço da CoronaVac aumenta o nível de anticorpos capazes de reconhecer a variante ômicron do SARS-CoV-2, além de fornecer resposta de células T específicas contra essa cepa. O estudo foi conduzido pela Pontifícia Universidade Católica do Chile e pelo Instituto Milênio de Imunologia e Imunoterapia.

Foram incluídos na pesquisa 186 voluntários que haviam tomado duas doses de CoronaVac e receberam o reforço da mesma vacina cinco meses depois. Com a terceira dose, a capacidade de neutralização dos anticorpos aumentou ainda mais do que o valor observado 14 dias após a segunda. Um mês depois do reforço, houve um aumento de 12 vezes dos anticorpos neutralizantes. “A imunidade induzida pelo reforço tem atividade contra variantes de preocupação, sugerindo proteção adequada”, informam os autores no artigo.

Os pesquisadores também ressaltam que os participantes receberam vacinação homóloga (o mesmo imunizante no esquema primário e nas doses seguintes), reforçando a eficácia dessa estratégia para proteger contra a doença.

Em entrevista ao Portal do Butantan, o imunologista Gustavo Cabral, da Universidade de São Paulo, esclareceu que os benefícios da vacinação heteróloga (com imunizantes diferentes) não excluem a eficácia do esquema homólogo. O mais importante é que toda a população receba as doses de reforço para continuar protegida contra a Covid-19, principalmente com a recente alta de casos.

No Brasil, apenas 56% da população tomou os reforços, segundo a plataforma Our World in Data. A recomendação do Ministério da Saúde é que pessoas acima de 12 anos recebam a terceira dose e que indivíduos acima dos 40 e trabalhadores de saúde tomem a quarta dose. Em alguns estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, a quarta dose já é liberada para todos acima de 18. No caso dos imunossuprimidos, é indicada a aplicação de quatro doses acima dos 12 anos e de cinco doses para aqueles com mais de 40.

 

Segurança

Por ser produzida com a tecnologia de vírus inativado, a CoronaVac é a vacina com menos efeitos adversos entre as disponíveis contra a Covid-19. A pesquisa chilena analisou a segurança do imunizante em 1.440 voluntários que receberam duas doses. Não houve nenhuma reação grave – os efeitos adversos mais comuns foram dor no local da injeção, dor de cabeça e fadiga. “Participantes com menos de 60 anos tiveram mais reações do que os maiores de 60, indicando que a CoronaVac é segura e bem tolerada no público idoso”, afirma o estudo.

Dados recentes da Farmacovigilância do Butantan mostraram que menos de 1% das doses de CoronaVac aplicadas em adultos no Brasil causaram algum evento adverso. Na população infantil, o imunizante também se mostrou seguro e pouco reatogênico: a taxa de eventos adversos em crianças e adolescentes é de menos de um caso a cada 100 mil doses aplicadas.

 

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