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Praticar exercícios regularmente aumenta resposta da CoronaVac contra o vírus SARS-CoV-2, afirma estudo


Publicado em: 24/08/2021

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) com 1.095 voluntários mostrou que nos participantes que levavam uma vida mais ativa a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac contra a Covid-19, gerou uma melhor resposta imune contra o SARS-CoV-2. Realizada em parceria com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo, a pesquisa foi publicada este mês na plataforma de preprint Research Square.

De acordo com as conclusões dos pesquisadores, os praticantes de atividades físicas tiveram uma chance de soroconversão (a geração de anticorpos para se defender da infecção) 9,9 vezes maior que os sedentários. Ou seja, a cada dez pacientes inativos que soroconverteram, 99 ativos atingiram o mesmo resultado.

Os pesquisadores separaram o grupo entre sedentários e ativos. Foram consideradas ativas as pessoas que faziam pelo menos três horas por semana de atividades de lazer como caminhada, corrida, bicicleta, dança, natação, futebol; atividades domésticas como lavar roupa a mão e arrumar a casa; trabalho, como carregar objetos pesados; e deslocamento de rotina como ir ao mercado de bicicleta e andar até a casa de um amigo.

Dentre os participantes, 622 foram considerados ativos, e 473 foram considerados sedentários. Todos foram imunizados com CoronaVac, sendo que o intervalo entre a primeira e a segunda dose foi de 28 dias. Para a análise, os pesquisadores coletaram três amostras de sangue dos participantes: logo após a segunda dose, 28 dias após a segunda dose e 69 dias depois. 

Os cientistas mediram o IgG e IgM dos voluntários. IgG e IgM são proteínas produzidas pelo organismo com o objetivo de defende-lo contra agentes infecciosos e suas toxinas. O IgM é o primeiro anticorpo a ser produzido quando há uma infecção e o IgG é produzido de acordo com o microrganismo invasor, permanecendo no sangue e protegendo a pessoa contra possíveis infecções futuras pelo mesmo patógeno.

De acordo com a pesquisa, quem faz pelo menos três horas de exercício por semana apresenta uma maior concentração de IgG. Os voluntários ativos apresentaram uma inibição de 30% na ligação entre o vírus e o receptor da enzima conversora da proteína celular em que o SARS-CoV-2 se conecta para infectar o indivíduo.

 

Imunossuprimidos

Ainda de acordo com a pesquisa, a resposta vacinal de indivíduos imunossuprimidos (que têm mais dificuldade na resposta imune), como portadores de doenças reumáticas, neoplasias, transplantados e portadores de HIV, também foi melhor em quem pratica atividade física. As conclusões dessa etapa do estudo foram publicadas na Nature Medicine.

Foram analisados 898 pacientes imunossuprimidos, 494 classificados como ativos e 404 como inativos. Os pacientes ativos apresentaram uma chance 1,4 vez maior de alcançar a soroconversão. Ou seja, para cada 10 pacientes inativos que soroconverteram depois de duas doses, 14 ativos atingiram o mesmo resultado. 

O fato de o vacinado ser fisicamente ativo também foi associado a um aumento de 32% na quantidade de anticorpos contra as regiões “S1” e “S2” da proteína Spike, que é usada pelo vírus para se conectar na célula.

Além disso, outro estudo realizado pela Universidade de São Paulo e publicado na plataforma medRxiv mostrou que os pacientes que têm mais força e massa muscular e tiveram Covid-19 passaram menos tempo internados.