Nesta segunda (12), teve início a 23° Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, que pretende imunizar 79,7 milhões de brasileiros até o dia 9 de julho. A meta é vacinar, pelo menos, 90% da população dos grupos prioritários. O imunizante, aplicado em dose única, pode prevenir complicações decorrentes da doença, óbitos, internações e a sobrecarga nos serviços de saúde, além de minimizar sintomas que podem ser confundidos com os da Covid-19.
Todas as doses da vacina influenza trivalente do Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, são fornecidas pelo Instituto Butantan. Este ano, serão disponibilizadas 80 milhões de doses. O ministério orienta que todas as medidas de prevenção contra o novo coronavírus sejam adotadas no momento da vacinação no posto de saúde.
Os grupos prioritários da campanha são crianças a partir de seis meses e menores de seis anos, gestantes, puérperas, idosos com 60 anos ou mais, povos indígenas, trabalhadores da saúde, professores de escolas públicas e privadas, portadores de doenças crônicas não transmissíveis, pessoas com deficiência permanente, trabalhadores das forças de segurança e salvamento, membros das Forças Armadas, caminhoneiros, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso, trabalhadores portuários, funcionários do sistema prisional, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas e população privada de liberdade.
A vacinação dos grupos prioritários será dividida em três etapas. Os municípios terão autonomia para definir as datas de mobilização (Dia D), conforme a necessidade de cada região.
Para tirar dúvidas sobre a vacina influenza trivalente, a responsável pela Farmacovigilância do Instituto Butantan, Vera Lúcia Gattás, doutora em Doenças Tropicais e Saúde Internacional pelo Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, responde às principais perguntas sobre o assunto:
1. A vacina da gripe pode causar gripe? Por que algumas pessoas se sentem mal depois da aplicação?
Por ser uma vacina inativada, ou seja, feita sem vírus vivo, não existe a possibilidade da vacina da gripe causar gripe. Embora algumas pessoas possam apresentar eventos adversos, eles são mais brandos do que os sintomas da influenza, que são bem fortes. Vera Lúcia lembra que não podemos confundir a influenza com outros problemas, como o resfriado. Além disso, o paciente pode ter recebido a vacina e já estar contaminado com o vírus (em fase de desenvolvimento da doença). Neste caso, a pessoa pode adoecer antes mesmo de a vacina ter criado proteção.
2. Quais são as reações adversas mais frequentes?
As reações mais comuns são:
Sistêmicas: cefaléia, mialgia, mal-estar, fraqueza, calafrios e febre.
No local da aplicação: coceira, vermelhidão, inchaço, dor e endurecimento.
"As reações costumam desaparecer em um ou dois dias, sem necessidade de tratamento", ressalta a pesquisadora do Butantan.
3. Qual é o período de contágio de gripe?
Uma pessoa infectada pode transmitir o vírus um dia antes e até sete dias após aparecerem os primeiros sintomas. O período de maior risco é quando há sintomas, sobretudo febre.
4. Se eu tomei a vacina no ano passado, ainda estou protegido?
Não. A revacinação anual contra a gripe é fundamental por dois motivos: o primeiro é que a proteção conferida pela vacina cai progressivamente seis meses depois da aplicação. O segundo é a variação dos subtipos de influenza circulantes. Como eles mudam com frequência, mesmo que o efeito da vacina durasse mais tempo, ela poderia não proteger contra os vírus presentes no inverno seguinte.
5. Quem já teve influenza recentemente está imune?
Não. Os vírus que causam a gripe sofrem mutações com regularidade, o que significa que um mesmo tipo pode adquirir características diferentes com o passar do tempo. O H1N1 de um ano, por exemplo, não obrigatoriamente será o mesmo no ano seguinte. Durante o inverno, circulam outros tipos, como o vírus influenza H3N2 e o vírus influenza B. Todos podem levar a quadros graves, com risco de internação e até mesmo de morte, dependendo da condição de saúde da pessoa. Vacinar-se contra a enfermidade a cada ano é sempre a melhor proteção.
6. Como é definida a composição da vacina?
A composição da vacina que previne a gripe precisa ser revisada a cada ano, de acordo com os tipos de vírus que mais circularam nos hemisfério Norte e Sul. Em setembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define a fórmula para o Hemisfério Sul e a comunica aos fabricantes das vacinas.
7. Quanto tempo leva a produção da vacina da gripe?
Após a revisão e análise das cepas mais circulantes na temporada anterior, tem início a produção, que leva cerca de seis meses. Como no Brasil o inverno começa em junho, a vacina fica disponível entre março e abril. Dessa forma, as pessoas podem ser imunizadas antes dos meses de maior circulação dos vírus.
8. Pessoas alérgicas a ovo podem ser imunizadas?
Pessoas que apresentem alergias leves, moderadas ou graves após ingestão de ovo devem ser vacinadas conforme as orientações abaixo:
Pessoas que após a ingestão de ovo apresentaram apenas urticária: administrar a vacina influenza, sem a necessidade de cuidados especiais.
Pessoas que após ingestão de ovo apresentaram quaisquer outros sinais de anafilaxia (angioedema, desconforto respiratório ou vômitos repetidos): a vacina pode ser administrada, desde que em ambiente adequado para tratar manifestações alérgicas graves. A vacinação deve ser aplicada sob supervisão médica, preferencialmente.
9. Posso tomar a vacina da Covid-19 e a da influenza no mesmo período?
Não. Se você tomou a vacina contra a Covid-19, deve respeitar o intervalo para o organismo produzir os anticorpos necessários. "Se tomar as duas no mesmo período, pode acontecer uma sobrecarga do sistema imunológico e não gerar imunização nem para uma enfermidade e nem para outra. O ideal é aguardar, ao menos, 14 dias", diz a responsável pela Farmacovigilância do Butantan. Se por algum motivo as duas vacinas forem administradas sem esse intervalo, a Secretaria de Saúde do município deve ser notificada, pois trata-se de um erro de imunização.
10. Quantas vacinas da influenza o Butantan produz por ano?
Em 2021, estão sendo produzidas 80 milhões de doses.
11. Se eu tomar a vacina da gripe estou protegido contra a Covid-19?
Não. Por serem vírus diferentes, são necessárias vacinas diferentes para a imunização.
12. Gestantes podem tomar a vacina da gripe?
Devem! Segundo a OMS, as gestantes fazem parte do grupo de pessoas que têm maior risco de desenvolver complicações quando infectadas pelo vírus da influenza. Além disso, a vacinação da mãe ajuda a proteger o bebê.
13. Quem toma a vacina fica imediatamente imunizado contra a gripe?
Não. Em adultos saudáveis, a detecção de anticorpos se dá entre duas a três semanas após a vacinação, e dura, geralmente, de seis a 12 meses.