Para que uma vacina seja eficaz e efetiva em sua missão de proteger alguém de uma doença, é preciso que ela seja aplicada da forma recomendada pelo fabricante. Um exemplo é a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac contra a Covid-19: ela deve ser aplicada em duas doses, com um intervalo de 21 a 28 dias (preferencialmente) entre elas. Assim, a vacina possui eficácia de 62,3%, segundo os ensaios clínicos de fase 3, e efetividade de 80% contra casos sintomáticos, 86% contra internações e 95% contra mortes, conforme as conclusões do estudo Projeto Serrana.
“Nós temos mais de 70% de pessoas já com a primeira dose, mas apenas cerca de 25% com as duas doses”, relembrou o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, nesta segunda (23) no lançamento do inquérito domiciliar para o mapeamento do vírus SARS-CoV-2 em Guaxupé, Minas Gerais. “A primeira dose é importante, ajuda, traz um grau de proteção, mas nós temos que completar. Temos que ter a segunda dose porque somente com ela teremos uma imunidade mais efetiva contra o coronavírus.”
No início de agosto, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que sete milhões de pessoas não haviam retornado aos postos de vacinação para tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19.
Completar o esquema vacinal é imprescindível para conter a pandemia, e isso vale não só para a CoronaVac, mas também para as outras vacinas. Ainda assim, muitas pessoas não estão voltando aos postos de vacinação para tomar a segunda dose. Uma dose completa a outra: na primeira, o sistema imunológico é estimulado a criar anticorpos; na segunda, o organismo já está preparado para aquele patógeno e desenvolve anticorpos e células de memória melhores e mais duradouras.
Os relatórios dos inquéritos domiciliares do projeto Isolamento Inteligente, iniciativa que o Butantan realiza nos municípios paulistas de Batatais e Taquaritinga, têm mostrado que os casos de infecção encontrados nos municípios são de pessoas que ainda não completaram o esquema vacinal.
Em Batatais, a segunda fase do inquérito domiciliar, realizada entre 10 e 12/6, mostrou uma incidência de 1,06% do SARS-CoV-2 na cidade. Dos casos encontrados, 60% não tinham tomado nenhuma dose da vacina. Na fase seguinte (24 a 26/6), com incidência de 0,84%, 71% tinham tomado somente a primeira dose. A tendência se manteve na etapa posterior (15 a 17/7), quando a incidência caiu (0,38%), mas novamente a maioria dos casos foi de pessoas que tinham tomado somente a primeira dose. Recentemente, na sexta fase do inquérito domiciliar (12 a 14/8), foram encontrados dois casos de Covid-19 (com incidência de 0,34%): um não tinha tomado nenhuma dose, outro tinha tomado somente a primeira dose.
Situação semelhante acontece em Taquaritinga. Na segunda fase do inquérito domiciliar (17 a 19/6), 55,6% dos casos detectados eram de pessoas que não tinham tomado nenhuma dose da vacina. Nas etapas seguintes, até julho, os casos todos se referiam a moradores que tinham tomado só uma dose ou nenhuma dose da vacina contra a Covid-19.