Uma delegação do Butantan visitou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na sexta (24), para discutir futuras parcerias. Fiocruz e Butantan querem estreitar ainda mais as relações para ampliar sua atuação na saúde pública a partir da cooperação nos campos científico, tecnológico e industrial. Iniciativas foram prospectadas e serão reunidas em uma oficina de trabalho, marcada para abril em São Paulo, em visita da Fiocruz ao Butantan. Entre os temas que serão trabalhados estão a apresentação da carteira de desenvolvimento e portfólio de produtos de cada instituição; a análise de capacidades estruturais; o estudo de um modelo de cooperação que permitam parcerias mais amplas; e mecanismos mais eficientes de acesso a insumos para a pesquisa.
“Essa retomada da aproximação é importante para nós na Fiocruz e para o Brasil”, garantiu o presidente da Fiocruz, Mario Moreira. “Nossa cooperação nos faz mais fortes individual e coletivamente. Precisamos adensar esforços para garantir acesso da população aos produtos estratégicos para o SUS.” O presidente da Fiocruz lembrou que quase todas as unidades da fundação têm cooperação com o Butantan na pesquisa, no desenvolvimento tecnológico e na produção de imunobiológicos, e destacou que os desafios atuais devem sem superados por novos modelos de inovação e novos arranjos de produção, em especial aqueles para superar os gargalos tecnológicos e de acesso no país.
O diretor do Instituto Butantan, Esper Georges Kallás, salientou que ambas instituições contribuem consideravelmente para o Programa Nacional de Imunizações (PNI). “Vamos fazer o possível, entre nós, para nos ajudarmos. Temos muitas ações complementares para trabalharmos de braços dados na melhoria da saúde pública brasileira.”
Entre outros espaços, a delegação do Butantan conheceu a planta fabril de Bio-Manguinhos para buscar complementaridades. Durante a visita, Esper sugeriu a criação de uma área de contingência nas duas organizações para casos de emergência sanitária. “Podemos encontrar maneiras de servir de suporte uns aos outros”, reforçou. “Definir conjuntamente cada portfólio também ajudará nessa prevenção.”
Sistema de produção público e oficina de trabalho
A articulação da coordenação do sistema de produção pública em saúde foi colocada como uma responsabilidade conjunta pelo vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde, Marco Krieger. “Por um momento, perdemos essa capacidade, mas temos agora a oportunidade e responsabilidade de rearticulá-la”, apontou. “Não dá para resolver tudo, mas podemos identificar insumos críticos e fazer trabalho de logística, indução e produção local para estruturar uma cadeia produtiva, por meio de parceiros, como parte de um ecossistema de inovação.” Para Mario, isso colocaria as duas instituições não apenas como produtores, mas também agentes para o fortalecimento dessa indústria nacional em saúde.
O diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), Maurício Zuma, detalhou a importância desse ecossistema produtivo. “Não basta construir plantas produtivas, construir fábricas, há de ser organizar todo um ecossistema, um sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação, com pesquisadores qualificados, um programa de imunizações com demanda forte, todo um conjunto nacional que fornece as bases pra que a orientar a atuação”. E prosseguiu: “temos essas condições e podemos avançar. Há muita confiança, inclusive internacionalmente, de que podemos dar conta de diversos problemas no país e na região, o que aumenta nosso desafio. Devemos aproveitar este momento para realinhar parcerias”, concluiu.
A delegação do Butantan era formada também pelo diretor do Centro Bioindustrial, Ricardo Oliveira; o diretor de Negócios, Hubert Guarino; e o gerente de Inovação e Licenciamento de Tecnologia, Cristiano Gonçalves Pereira. Pela Fiocruz, participaram ainda o coordenador do Programa de Terapias Avançadas, Antonio Carlos Campos de Carvalho, e a assessora da Presidência, Camile Giaretta Sachetti.
Crédito das fotos: Peter Ilicciev/Fiocruz