Portal do Butantan

Soros salvam: após 17 dias internado, bebê picado por jararaca escondida atrás de sofá foi salvo por antiveneno do Butantan

Criança precisou de cirurgia e ficou na UTI em hospital da capital paulista; médicos buscaram orientações do Hospital Vital Brazil


Publicado em: 18/12/2023

Certa noite, Priscila Cassimiro e seu marido, Wilson Sousa, acordaram com o filho Heitor, de 1 ano e 10 meses, chorando. Ele estava com o braço roxo e os pais imaginaram que ele podia ter caído e se machucado. Após atendimento no pronto-socorro de Santana de Parnaíba (SP), onde moravam, a família foi encaminhada ao Hospital Infantil Sabará, na capital paulista. Lá, os médicos levantaram a suspeita de picada de aranha. Os profissionais então ligaram para o Instituto Butantan para solicitar apoio no diagnóstico e tratamento.

“O caso aconteceu em maio de 2022. Eu estava de plantão quando o hospital entrou em contato com a nossa equipe às 5h da manhã, falando que estavam com uma criança que, aparentemente, havia sido picada por uma aranha, e que ela estava com o braço roxo, inchado e com alterações de coagulação”, conta a médica Ceila Málaque, do Hospital Vital Brazil, especializado no tratamento de pacientes acidentados com animais peçonhentos. Ela descreve o atendimento como um dos mais marcantes para a equipe.

Após trocarem informações e fotos da lesão, os especialistas do Butantan rapidamente constataram que os sintomas e as características do ferimento eram compatíveis com um envenenamento por jararaca – algo completamente inesperado pelos pais. Com o diagnóstico, o soro antibotrópico, específico para neutralizar o veneno dessa serpente, foi enviado ao hospital.


Priscila nunca tinha visto uma serpente na região onde a família mora. “Avisei minha irmã e ela foi até a nossa casa. Lá, encontrou uma cobra atrás do sofá, tirou foto, e confirmaram que realmente era uma jararaca”, conta a mãe do menino. “O braço dele estava todo roxo, mas a picada aconteceu na mão.”

Ao recordar os dias antes do acidente, os pais lembraram de ter visto em certa ocasião o filho olhando atrás do sofá e rindo. Como era muito pequeno, Heitor não percebeu o perigo. “Os médicos acharam que ele deve ter tentado pegar a cobra e acabou se acidentando”, afirma Priscila.

A gravidade do acidente ofídico depende da quantidade de veneno inoculado e do tempo entre a picada e a aplicação do soro. As complicações aumentam em pacientes que demoram mais de 6 horas para receber o tratamento e, em alguns casos, o envenenamento pode ser fatal. Em 2022, o Brasil registrou 1.638 casos de acidentes ofídicos em crianças de 1 a 9 anos. Nos menores de 1 ano, foram 290, segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS).



Heitor teve necrose na mão e precisou de cirurgia. A mãe diz que ele passou 17 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e levou 30 pontos no braço, mas se recuperou bem e manteve todos os movimentos da mão preservados.

“Se não fosse o soro, meu filho não estaria vivo hoje. Foi um milagre. Também sou muito grata ao Hospital Sabará e à médica que atendeu o Heitor, que correu atrás das informações e do soro para salvá-lo”

O Hospital Vital Brazil tem quase 80 anos de experiência no tratamento de pessoas picadas por animais peçonhentos. Além de atender pacientes na unidade, localizada dentro do Butantan, a equipe orienta profissionais da saúde de todo o Brasil e do mundo, ajudando a fechar diagnósticos e enviando soros para quem precisa. O Instituto já chegou a encaminhar antivenenos para países como Canadá, Peru e Guiana.

 

Entre em contato com o Hospital Vital Brazil

Telefones: (11) 2627-9529 / 2627-9530

Endereço: Av. Vital Brasil, 1.500 – Butantã, São Paulo, SP (dentro do Parque da Ciência Butantan, ao lado do heliponto)

 

Conheça as demais clínicas de referência no atendimento de acidentes por animais peçonhentos do estado de São Paulo e de todo o Brasil.

 

Reportagem: Aline Tavares

Fotos: Comunicação Butantan