Sete meses se passaram desde que a primeira dose da CoronaVac, vacina contra a Covid-19 produzida pelo Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, foi aplicada no Brasil. De lá para cá, os números de casos e óbitos causados pela doença não diminuíram e continuam surgindo novas variantes do vírus SARS-CoV-2, cada vez mais agressivas e transmissíveis. Por causa disso, muito se especula sobre a necessidade de ampliar o esquema vacinal – de duas doses para as vacinas CoronaVac, da Pfizer e da AstraZeneca/FioCruz – para incluir uma dose adicional ou terceira dose. Alguns países já estão estudando essa estratégia, temendo os efeitos da variante delta (a indiana B.1.617.2, que é 50% a 100% mais transmissível do que as demais cepas do SARS-Cov-2, ou seja, cada indivíduo infectado pode transmitir o vírus para outras quatro a sete pessoas) e uma diminuição da imunidade com o passar do tempo.
Entenda a seguir em que estágio estão alguns dos principais estudos de aplicação da dose de reforço ou terceira dose no mundo.
Chile
O país já vacinou cerca de 68% da população com as duas doses. É a primeira nação da América do Sul a aplicar uma dose de reforço, o que foi iniciado em agosto (5/8). O ministro de saúde chileno, Enrique Paris, afirmou que a dose de reforço visa fortalecer a imunidade dos idosos contra as variantes que já chegaram no país, como a delta e a lambda.
Reino Unido
Com 60% de todos os habitantes já vacinados com a segunda dose, o Reino Unido afrouxou as medidas de restrição em julho. A consequência foi que houve um recrudescimento no número de casos, também associado à entrada da variante delta no país. As autoridades decidiram começar a aplicar uma dose de reforço a partir de setembro com o objetivo de prolongar a proteção dos idosos, ainda mais com a chegada do inverno no hemisfério norte, e combater possíveis novas variantes.
Israel
Israel saiu na frente de outras nações na vacinação. No começo de 2021, já tinha quase 70% da população imunizada. E foi por isso que o país decidiu suspender a obrigatoriedade do uso de máscara e outras medidas sanitárias em abril. Como os casos voltaram a crescer por conta da variante delta, na semana passada, Israel retomou as medidas de restrição na tentativa de conter a disseminação do vírus. No começo de agosto, as autoridades decidiram por uma dose de reforço para a faixa etária acima de 50 anos. A maioria dos infectados no país hoje são crianças não vacinadas.
Turquia
A Turquia viveu o pico da pandemia em abril e decidiu aplicar uma dose de reforço para profissionais da saúde e pessoas com mais de 50 anos. O país foi o primeiro a decidir pela dose de reforço. Até o momento, a Turquia tem um número baixo de vacinação, com cerca de 39% das pessoas imunizadas com as duas doses.
Uruguai
Com quase 70% de vacinados com a segunda dose da vacina contra o SARS-CoV-2, o Uruguai resolveu focar numa dose de reforço misturando dois imunizantes diferentes, mesmo sem um estudo para isso. A maior preocupação das autoridades é o avanço da variante delta no país. A dose de reforço será administrada pelo menos 90 dias após a segunda dose.
França
Com 52% da população já imunizada com as duas doses, o governo resolveu flexibilizar, em maio, as medidas de restrição, mas decretou obrigatoriedade para a vacinação, o que causou descontentamento e protestos. O presidente Emmanuel Macron anunciou uma dose de reforço a partir de setembro, quando começa o ano letivo, e quer prioridade para imunizar os grupos de transplantados e imunossuprimidos. Uma terceira dose, de acordo com as recomendações oficiais, deve ser aplicada quatro semanas após a segunda dose.
Bahrein
O Bahrein chegou a 63% da população vacinada com as duas doses. Mas uma nova onda de infecção fez com que o país optasse por uma dose de reforço. O governo decidiu imunizar todos os que tomaram a vacina da farmacêutica chinesa Sinopharm.
Emirados Árabes Unidos
Depois de uma alta no número de casos, por conta da variante delta, os Emirados Árabes Unidos resolveram aplicar doses de reforço para as pessoas com comorbidades, três meses depois das duas doses da vacina. Os últimos dados oficiais mostram que 70% das pessoas foram totalmente imunizadas até agora.