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Olhar do especialista: imunogenicidade, segurança da terceira dose e vacinação em populações específicas no terceiro dia do CoronaVac Symposium

Foram abordados estudos de segurança da vacina em crianças/adolescentes no 3º dia de simpósio sobre a CoronaVac


Publicado em: 10/12/2021

No 3º dia do Simpósio Internacional sobre a CoronaVac, as palestras abordaram os estudos de imunogenicidade e segurança da 3ª dose da vacina CononaVac. Nesta manhã, também foram discutidos o efeito da vacinação em populações específicas como: crianças/adolescentes, idosos, imunocomprometidos e portadores de comorbidades. 

 

Título da palestra: Imunogenicidade e persistência imune da 3ª dose da CoronaVac em adultos saudáveis.

O Dr Hongjie Yu, Professor da Escola de Saúde Pública da Universidade de Fudan, China, deu início ao ciclo de palestras do 3º dia do Simpósio. Em sua apresentação, o Dr. Yu abordou resultados de imunogenicidade da 3ª dose de CoronaVac, administrada após 2 ou 8 meses da 2ª dose da vacinação, em indivíduos saudáveis das faixas etárias de 18-59 anos e acima de 60 anos. De modo semelhante ao observado com o esquema de duas doses de vacina, a 3ª dose de CoronaVac não causou efeitos adversos graves, apenas reações leves (Grau 1 ou 2), sendo a mais frequente dor no local da aplicação. Dentre os resultados apresentados, em consonância com outros estudos, foi evidenciada diminuição da produção de anticorpos neutralizantes após 6 meses da 2ª dose da vacina. No entanto, a administração da 3ª dose da CoronaVac 8 meses após o esquema vacinal, resultou em aumento de 3-5 vezes na produção de anticorpos neutralizantes, com resposta mais duradoura, nas faixas etárias de 18-59 e maiores de 60 anos de idade.

Título da palestra: Estudo Multicêntrico, randomizado, duplo-cego, placebo controlado de fase III para avaliar a eficácia, imunogenicidade e segurança da Vacina CoronaVac em crianças e adolescentes com idade de 6 meses a 17 anos.

A Dra. Susan Bueno, Professora da Pontifícia Universidad Católica de Chile e pesquisadora associada do Instituto Millennium de Imunologia e Imunoterapia, apresentou resultados que fazem parte de um estudo clínico multicêntrico de fase III com 14 mil crianças e adolescentes de 6 meses a 17 anos no Chile, Quênia, Malásia, Filipinas e África do Sul. Os resultados apresentados pela Dra Susan se referiram aos voluntários chilenos vacinados na faixa etária de 12-17 anos e mostraram que a segurança da CoronaVac, nesta população, foi alta, com reações adversas, em sua maioria, leves (Grau 1), sendo a dor no local da injeção o sintoma mais frequentemente relatado. A produção de anticorpos foi avaliada na saliva e no soro coletados dos adolescentes após 4 semanas do esquema vacinal (2 doses da vacina com intervalo de 28 dias). Os resultados mostraram significativa produção de anticorpos IgG anti-S1 na saliva e anticorpos neutralizantes no soro de adolescentes na faixa etária de 12-17 anos de idade. A imunidade celular, avaliada pela presença de células T produtoras de IFN-gama em resposta aos peptídeos das proteínas M, S e N do vírus, também aumentou nesse grupo de adolescentes. Os dados apresentados até o momento indicam a segurança e imunogenicidade do esquema vacinal com CoronaVac em adolescentes.

 

Título da palestra: Análise da segurança na população pediátrica e população que recebeu a dose de reforço de CoronaVac na China 

A 3ª palestrante, a Dra. Jiayi Wang, gerente de farmacovigilância da Sinovac, apresentou dados de segurança da CoronaVac em indivíduos em diversas faixas etárias (3-17 anos, 18-59 anos e maiores de 60 anos). Os efeitos adversos foram predominantemente leves (Graus 1 e 2) e, com exceção da dor no local de aplicação da vacina, não foram diferentes do grupo placebo.

A Dra. Wang também apresentou dados de segurança relativos à aplicação de uma 3ª dose da CoronaVac, 8 meses após a segunda dose, em adultos com idades entre 18-59 e maiores de 60 anos. Os efeitos adversos relatados foram leves (Graus 1 e 2), sem a ocorrência de efeitos de maior gravidade.

Segundo a Dra. Wang, com a aplicação da CoronaVac não foram identificados, até o momento (Novembro de 2021), efeitos adversos raros e graves e riscos de miocardite/miopericardite e eventos trombóticos como Trombose com Síndrome de Trombocitopenia, já relatados para vacinas baseadas em vetores adenovirais e de mRNA (Informações obtidas do Advisory Committee on Immunization Practices - ACIP, Outubro de 2021).

 

Título da palestra: Imunogenicidade da vacina CoronaVac em pacientes com doença reumática autoimune (DRA)

A Professora Eloisa Bonfá, Professora Titular de Reumatologia, diretora do Departamento de Reumatologia e diretora clínica do Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), apresentou resultados de um estudo clínico prospectivo de fase IV para avaliar a segurança e a imunogenicidade da CoronaVac em portadores de doenças reumáticas autoimunes. A apresentação da Dra Bonfá teve como objetivo compreender os fatores relacionados à baixa ou moderada resposta vacinal desses pacientes que apresentam alterações na resposta imunológica, são suscetíveis a infecções graves e podem se tornar portadores de novas variantes. O estudo, realizado com 910 pacientes portadores de diversas doenças reumáticas crônicas autoimunes, com ou sem uso de imunossupressores, mostrou que a resposta de anticorpos IgG anti-S1/S2 e de anticorpos neutralizantes foi aumentada nesses pacientes, embora em menor intensidade que em indivíduos controles saudáveis de mesma faixa etária. 

Segundo os dados apresentados, a resposta dos pacientes não expostos ao SARS-CoV-2, após a imunização com duas doses da CoronaVac, é menor que a dos pacientes expostos e a do grupo controle saudável. Esta resposta, segundo os resultados apresentados, promoveu uma redução significativa da incidência de casos e internações relacionados à COVID-19 nestes pacientes, num período de alta dos casos associados à variante Delta no Estado de São Paulo. 

Em seguida, a Profa. Eloisa Bonfá apresentou dados da imunização com uma terceira dose da CoronaVac em pacientes com doenças reumáticas autoimunes. Os resultados indicam que a terceira dose aumenta os títulos de anticorpos IgG anti-S1/S2 e de anticorpos neutralizantes nestes indivíduos, ainda que em menor intensidade que no grupo controle. 

O estudo indicou que alguns dos medicamentos imunossupressores e terapias biológicas usados pelos pacientes com doenças reumáticas estão associados à menor resposta de anticorpos. Além disso, a interrupção de 1 a 2 semanas das drogas imunossupressoras, não agravou a evolução clínica dos pacientes com baixa atividade da doença e promoveu uma resposta mais alta de anticorpos. 

 

Título da palestra: Segurança e imunogenicidade da CoronaVac em indivíduos com doenças crônicas e a 3a dose em indivíduos com baixa resposta à imunização primária 

O Dr. Zijie Zhang, professor e pesquisador principal do Grupo de Biologia de Sistemas no Laboratório Estadual de Conservação e Utilização de Bio-Recursos na Universidade de Yunnan, em Yunnan (China), apresentou os resultados de um estudo retrospectivo realizado na China, relativo à segurança e imunogenicidade da vacina CoronaVac em portadores de doenças crônicas como hipertensão, doenças coronarianas, doenças respiratórias crônicas, diabetes, obesidade e câncer. Os dados apresentados mostraram que, de maneira geral, a resposta destes pacientes foi da mesma intensidade que a do grupo controle. A segurança da CoronaVac, segundo os dados apresentados, foi equivalente nestes dois grupos.

O Dr Zhang apresentou estudo de imunogenicidade da terceira dose da CoronaVac em indivíduos vacinados com resposta imune adequada e em indivíduos considerados como não respondedores ao esquema de imunização de duas doses. A terceira dose neste grupo de não respondedores induziu aumento significativo dos títulos de anticorpos neutralizantes. Também foi verificado aumento da resposta de células T específicas para o vírus neste grupo de indivíduos não respondedores.

 

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