Em janeiro de 2022, o Brasil registrou 2.122 hospitalizações por Covid-19 em crianças de zero a 19 anos, um aumento de três vezes comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 697 internações, segundo boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde. O avanço de casos e de internações nessa faixa etária mostra uma realidade que não pode ser ignorada: as crianças podem ter Covid-19 grave e mesmo irem à óbito pela doença. Afinal, desde o início da pandemia, mais de 1.400 crianças brasileiras de zero a 11 anos morreram devido à Covid-19. No total, o Brasil somou 23.277 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 em crianças na mesma faixa etária, uma condição grave que pode levar à morte, segundo dados do Sivep-Gripe e do Ministério da Saúde.
Esta realidade preocupa pediatras, que reforçam a necessidade de vacinar as crianças o quanto antes, já que hoje elas estão mais expostas ao vírus por não terem essa proteção. O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, inclui apenas crianças a partir dos cinco anos para receber duas doses da vacina contra Covid-19, uma delas a CoronaVac, do Butantan e da Sinovac, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para crianças e adolescentes de seis a 17 anos.
“A carga da Covid-19 em crianças no Brasil está longe de ser negligenciável, com taxas de letalidade e de mortalidade associadas à doença muito maiores do que as registradas em outros países, merecendo um olhar diferenciado e cauteloso por parte das autoridades responsáveis pelas políticas de saúde pública no nosso país”, escreveu em nota a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Segundo a SBP, a análise das taxas de mortalidade (mortes por milhão) de crianças e adolescentes atribuídas à Covid-19, até novembro de 2021, mostrava valores de aproximadamente 41 mortes por milhão no Brasil. Nos EUA, foram 11 mortes por milhão e, no Reino Unido, 4,5 mortes por milhão.
E, dentro deste contexto, são as crianças mais pobres que correm ainda mais risc