Portal do Butantan

Governo de São Paulo decreta estado de emergência para dengue e anuncia medidas de combate

Decreto do governador Tarcísio de Freitas foi anunciado após reunião do Centro de Operações de Emergências realizado nas dependências do Instituto Butantan


Publicado em: 19/02/2025

Reportagem: Camila Neumam
Fotos: José Felipe Batista

O governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Saúde, decretou estado de emergência em saúde pública nesta quarta (19). A recomendação partiu do Centro de Operações de Emergências (COE) para Dengue e Outras Arboviroses, diante da epidemia de dengue no estado. O anúncio foi feito em reunião do COE nas dependências do Instituto Butantan. 

A medida foi adotada após o estado de São Paulo notificar 280 casos de dengue por 100 mil habitantes em 2025, número perto dos 300 casos por 100 mil habitantes, considerado o marcador do estado de emergência. Dados da Secretaria de Estado da Saúde apontam mais de 124 mil casos e 113 mortes em todo o estado somente em 2025, sendo que 225 cidades apresentam mais de 300 casos por 100 mil habitantes, parte delas na região noroeste. Em 2024, a emergência foi decretada pela secretaria em março. 


Ésper Kallás, diretor do Instituto Butantan, o secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, Priscilla Peridicaris, secretária executiva da SES
e Tatiana Lang, diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da SES, em reunião do COE

 

“Antes da reunião do COE nós entramos em contato com o governador, fizemos toda uma exposição da situação e ele autorizou o estado de emergência para tornar o estado e os municípios mais ágeis na tomada de decisões”, afirmou o Secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, antes de o governador Tarcísio de Freitas assinar o decreto de estado de emergência, que seria feito na sequência. 

 

Vacina do Butantan como aliada

Eleuses apontou uma série de medidas contra a dengue no estado, entre as quais mais investimentos em contenção de criadouros, mais medicamentos e ampliação de 20% de leitos no Sistema Único de Saúde, financiadas pelo repasse de R$ 225 milhões anunciado na instalação do COE em janeiro deste ano. Além disso, reforçou a importância do investimento na vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan, que está em processo de aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o secretário, somente com a vacinação em larga escala o país terá condições de se livrar da epidemia de dengue que surge todos os anos.

“Nós estamos dando toda a estrutura ao Instituto Butantan para conseguirmos uma produção de vacina adequada porque vivemos mais uma vez uma epidemia de dengue. Só temos um jeito de acabar com a dengue no nosso país, que é ter condições de pôr vacina no braço de todos os brasileiros. Nesse sentido, temos todo o empenho do Butantan, do governo e da secretaria para focarmos nisso”, disse Eleuses. 

 

Eleuses Paiva: vacinação em larga escola será fundamental para combater futuras epidemias de dengue
 

O diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, que participou da reunião do COE, afirmou que o Instituto está trabalhando na resposta à Anvisa, após a devolutiva da agência sobre o pedido de registro da vacina, feito em 16 de dezembro de 2024. A Butantan-DV é o único imunizante de dose única desenvolvido contra a dengue, capaz de neutralizar os quatro sorotipos do vírus. 

“Tanto a Anvisa quanto o Instituto Butantan têm um objetivo comum, cada um desempenhando o seu devido papel, de chegar com um produto mais seguro e de melhor qualidade possível para os brasileiros. Estamos trabalhando nas respostas e pretendemos já, nas próximas semanas, ter todo o pacote enviado de volta para a apreciação da Anvisa”, destacou Esper Kallás.

 

Esper Kallás: Butantan tem o objetivo de oferecer uma vacina segura e imunológica aos brasileiros

 

Paralelamente a isso, o diretor afirmou que o Butantan vem discutindo com o Ministério da Saúde as formas de incorporação da vacina e um cronograma de entrega de doses, em caso de aprovação.

“Em 2025, estamos trabalhando nas etapas finais de acerto dos processos e da produção dos lotes iniciais, prevendo a entrega de 1 milhão de doses, que representaria 1 milhão de pessoas vacinadas. Em 2026, escalonaríamos e entregaríamos mais 60 milhões de doses; e em 2027 mais 40 milhões de doses, para fazermos a curva de vacinação da população brasileira”, esclareceu Esper Kallás.