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Butantan forma estudantes do Ensino Médio em programa que incentiva os cientistas do futuro

Participantes tiveram a oportunidade de frequentar os laboratórios do Instituto, com o apoio e a orientação dos pesquisadores da instituição


Publicado em: 13/12/2024

Reportagem: Mateus Carvalho
Fotos: André Ricoy

 

A 2ª edição do Programa Educacional Cientista Mirim do Butantan foi encerrada nesta sexta (13/12) com a formação de 19 estudantes do 2º e 3º anos do Ensino Médio de escolas públicas e privadas do estado de São Paulo. Com um misto de emoção e saudade antecipada após seis meses de aprendizado científico, a cerimônia contou também com a presença de pais, professores e pesquisadores que contribuíram para o crescimento individual de cada participante.

A iniciativa, que é organizada e coordenada pela Escola Superior do Instituto Butantan (ESIB), permite que jovens interessados em ciência vivenciem experiências nos laboratórios do Instituto, com aulas teóricas e práticas e sob o acompanhamento de pesquisadores da instituição. 

“Quando os estudantes aprendem ciências na escola, eles aprendem teoricamente no livro. Aqui no Butantan, eles têm a oportunidade de viver na prática como o conhecimento é gerado. O trabalho do cientista é silencioso, diário e persistente para conseguir demonstrar uma descoberta”, disse o diretor do Centro de Ensino e vice-diretor do Instituto Butantan, Rui Curi, sobre a vivência dos estudantes no programa. 

 

Rui Curi enalteceu o Cientista Mirim e a participação dos jovens

 

Idealizado pela pesquisadora do Laboratório de Dor e Sinalização Vanessa Zambelli, o Cientista Mirim existe desde 2023. Na formatura deste ano, emocionada, ela destacou o empenho dos alunos, o apoio de professores e familiares, e a disposição dos colaboradores do Butantan em abrir as portas de seus laboratórios para uma vivência real, profunda e inspiradora para todos que querem seguir na carreira científica. 

“Esse projeto é do meu coração. Despertar a vocação científica tão cedo pode fazer a diferença lá na frente, porque tem muita gente talentosa que não tem a oportunidade na escola para desenvolver e entender o que é ciência e, assim, fazer escolhas para o futuro. Nesse momento de transição entre escola e universidade, nós tentamos ajudar no caminho científico a seguir, de maneira mais precisa e com foco no objetivo deles”, completou Vanessa. 

 

Vanessa é a idealizadora do Cientista Mirim

 

O superintendente da Fundação Butantan, Marcio Lassance, saudou os jovens formados e reforçou temas que são privilegiados na instituição, como o ensino, a ciência e o trabalho contínuo para o desenvolvimento da pesquisa básica e em prol da saúde pública brasileira. “A nossa instituição privilegia o desenvolvimento do país, além da ciência e do ensino. No lado da educação, nós procuramos fazer iniciativas para formar profissionais desde o início”, completou.

Todos os cientistas mirins de 2024 apresentaram seus projetos na tradicional Reunião Científica Anual do Instituto Butantan (RCA), que reúne há 23 anos pesquisadores, estudantes de pós-graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado e funcionários que desenvolvem e apoiam a ciência em diversas áreas da organização. 

 

Marcio Lassance destacou os pilares do Butantan

 

Aprendizado para a vida 

Sob os olhares de toda a plateia, as estudantes Bia Barudi, Maria Eduarda Durães e Maria Eduarda Vaz foram escolhidas como as oradoras da turma. Orgulhosas pela conclusão do programa, elas destacaram não somente o trabalho científico realizado, mas também o contato e a convivência diária com os profissionais do Butantan. 

Para elas, o Cientista Mirim ensina que a ciência vai além de fórmulas e experimentos. É um trabalho de descoberta, mas também de contribuição para um mundo melhor, mais saudável e mais justo para todos. 

“Quando iniciamos no projeto, não sabíamos ao certo o que nos esperava. Trabalhar com cientistas experientes parecia um sonho muito distante, mas aos poucos fomos nos encontrando nesse universo e nos sentimos acolhidos por pesquisadores que nos ensinaram com paciência, e por uma comunidade inteira que nos mostrou o poder transformador do conhecimento”, afirmou Maria Eduardo Durães.

 

Maria Eduarda foi uma das oradoras da turma de 2024 do Cientista Mirim

 

Ao longo dos seis meses de estudos, vários projetos foram criados e estudados nas bancadas científicas de diferentes laboratórios do Butantan: Dor e Sinalização, Coleções Zoológicas, Bacteriologia, Genética, Herpetologia, Fisiopatologia, Centro de Excelência para Descobertas de Alvos Moleculares (CENTD), Toxinologia Aplicada, Farmacologia, Imunopatologia e Desenvolvimento e Inovação.

“Eu me sinto muito realizada e tenho certeza de que isso será algo extraordinário para o meu currículo. Posso dizer que depois desse período, eu me encontrei no mundo da ciência”, contou a estudante Giovanna Ferreira, que atuou no Laboratório de Toxinologia Aplicada, sob a orientação do especialista de laboratório Milton Nishiyama. Ela trabalhou com a técnica de bioinformática aplicada a estruturas de proteínas do veneno de aranhas, usando métodos computacionais para classificar as substâncias da mesma família. 

 

Milton Nishiyama entregou o certificado para Gionvanna Ferreira

 

Bia Barudi, que trabalhou com besouros da ordem coleópteros no Laboratório de Coleções Zoológicas, sob a orientação da curadora da Coleção Entomológica do Instituto Butantan, Flávia Virginio, celebrou a conclusão do Cientista Mirim, mesmo com o coração dividido. “São várias emoções, porque ao mesmo que estou feliz em me formar, eu não queria ter que ir embora e deixar o meu crachá aqui. Mas eu pretendo voltar no futuro, então estou encarando este momento como um até logo”, comentou. 

 

Estudantes são saudados pela conclusão no Cientista Mirim

 

O incentivo de professores e pais 

Pais e educadores têm um papel fundamental na formação dos jovens, e a conclusão do programa foi motivo de orgulho para os representantes que estavam na cerimônia.  O professor de Biologia do Colégio Etapa Leonardo Carvalheiras comentou sobre o interesse de seus alunos pela ciência, e o desafio de continuar despertando a curiosidade por diferentes assuntos até a formatura do Ensino Médio. 

“Na escola, nós fazemos um treinamento árduo com viés olímpico, mas é muito diferente e especial essa experiência de ter contato com alguns dos maiores especialistas das áreas que eles estudaram, antes de chegar na universidade. Nosso papel é incentivá-los para que um dia eles possam voltar ao Butantan como profissionais”, comentou Leonardo. 

 

Professor Leonardo com seus alunos Daniel e Vivian

 

Dois alunos de Leonardo participaram do Cientista Mirim: Daniel Narimatsu, que pesquisou a substituição de modelos in vivo por modelos in vitro para testes de soros antiofídicos, sob a orientação de Vanessa Zambelli; e Vivian Wang, que estudou no CENTD como os venenos de animais podem ter efeito antitumoral e serem moléculas promissoras para a descoberta de novos alvos moleculares, com o acompanhamento do especialista de laboratório Hugo Vigerelli.  
  
A mãe da estudante Bia Barudi, Soraia Barudi, mostrava no rosto a satisfação ao ver sua filha receber o certificado de conclusão. “Eu agradeço ao projeto porque despertou na minha filha a certeza do que ela quer seguir na carreira profissional. Nós apoiamos a sua participação desde o início e pedimos apenas que ela vivenciasse o Butantan para depois pensar no vestibular”, comemorou.

 

Bia Barudi com seus pais, orgulhosos pela conquista