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Amazonas, Pará, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá e Tocantins começam nova campanha de vacinação contra a gripe a partir de novembro

Tática busca conter o vírus influenza que circula antecipadamente na região e aumenta a incidência de casos no início do ano; Butantan forneceu mais 4 milhões de doses para viabilizar a ação


Publicado em: 14/11/2023

Uma estratégia diferente de vacinação contra a gripe está sendo testada pelo Ministério da Saúde a partir deste mês, quando a aplicação do produto na região Norte do Brasil, vai passar a acontecer no segundo semestre – no restante do país, os esforços seguirão entre os meses de abril e junho. A nova campanha começou em 13 de novembro e vai até 15 de dezembro deste ano no Amazonas, Pará, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá e Tocantins

De acordo com o Informe Técnico Operacional do Ministério da Saúde, todas as 6,6 milhões de pessoas que integram o público-alvo da ação – crianças entre 6 meses e 6 anos de idade, idosos acima de 60 anos, gestantes, puérperas e trabalhadores de saúde, educação, transporte e sistema carcerário – devem se vacinar, incluindo aqueles que receberam o imunizante em março de 2023.

 

Vacinação antecipada tem como objetivo evitar os picos de caso de influenza que costumam acontecer no início do ano

 

O objetivo é reduzir complicações, internações hospitalares e até possíveis mortes decorrentes de infecções pelo vírus influenza durante o chamado “inverno amazônico”, que acontece entre novembro e maio. Para que a estratégia seja efetiva, é imprescindível que o grupo prioritário seja vacinado no período estipulado.

Responsável pela fabricação do imunizante trivalente aplicado gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), o Instituto Butantan entregou mais 4,4 milhões de doses do produto ao Ministério da Saúde em outubro a fim de completar os estoques dos municípios da região Norte. Outras 80 milhões de doses serão produzidas e entregues para a campanha de 2024.

“A partir do ano que vem, teremos uma divisão das nossas entregas: no primeiro semestre, uma porcentagem de doses será entregue para as campanhas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste; já no segundo semestre, outra porcentagem de doses será produzida e despachada para atender a demanda do Norte”, afirma o diretor técnico de produção do Butantan, Douglas Macedo. 

 

Estratégia é considerada inovadora

Diverso em praticamente todos os sentidos e com uma área superior a 8,5 milhões de km², o Brasil reúne em um mesmo território regiões com diferenças geográficas, climáticas, populacionais e econômicas que influenciam nos padrões de circulação e de transmissão do vírus influenza, contribuindo assim para a configuração de perfis epidemiológicos variados.

O fortalecimento da vigilância da doença nos últimos anos tem mostrado que a região Norte apresenta um número considerável de casos de influenza logo nos primeiros meses do ano, enquanto no restante do país a curva tende a aumentar a partir de abril. O período coincide com o ciclo de chuvas da região. 

 

Butantan entregou mais de 4 milhões de doses do produto ao Ministério da Saúde para garantir a disponibilidade da vacina na região

 

Essas diferenças na sazonalidade do vírus fomentaram discussões entre representantes da sociedade científica, como a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Programa Nacional de Imunizações (PNI), os Conselhos Nacionais de Saúde, as Secretarias Municipais de Saúde e o próprio Instituto Butantan, que culminaram na adoção de um calendário vacinal diferenciado para os sete estados da região.

"O Brasil é muito desigual, e não se pode ter um calendário único de vacinação. Nós estamos antecipando na região Norte porque lá eles sofrem com a questão do vírus influenza de forma antecipada", explicou a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, em evento realizado ainda no início deste ano.

A nova abordagem tem sido considerada inovadora entre os especialistas. Desde 2019, a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) vem encorajando os diversos países do globo a elaborarem estratégias que levem em conta suas particularidades regionais para a construção de programas mais efetivos no combate ao vírus da gripe, de acordo com o documento Global Influenza Strategy 2019-2030.

 

Cobertura na região ainda é baixa

De acordo com dados do Ministério da Saúde, atualmente o Norte registra o segundo melhor índice de vacinação de Influenza no país. Com 65% de cobertura entre a população prioritária, a região fica atrás apenas do Nordeste, que apresenta taxa de 68%. 

Entretanto, o índice ainda está distante dos 90% preconizados pela OMS. Além disso, por mais que a última campanha tenha começado em março, ao final dos três primeiros meses de vacinação apenas 26% do público-alvo havia recebido o imunizante. 

 

* Este conteúdo foi produzido com a colaboração do gerente de Franquia Influenza de Parcerias Estratégicas e Novos Negócios do Butantan, Felipe Carvilhe.

 

Reportagem: Natasha Pinelli

Fotos: Shutterstock