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O que acontece com os animais vítimas de práticas ilegais no Brasil?


Publicado em: 28/01/2021

Em meados de janeiro, um caso de apreensão de animais no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, foi destaque em sites e jornais. Foi apenas mais um caso desse crime que ocorre diversas vezes. Infelizmente comum, o tráfico de animais aumentou nos últimos meses, segundo Giuseppe Puorto, diretor do Museus Biológico e Histórico do Instituto Butantan. Didático em suas explicações, o diretor esclarece: “E por que aumenta? Tanto o tráfico interno, brasileiro, como do tráfico internacional aumenta, porque alguém compra esses animais!”

No caso mais recente, em que cerca de 200 animais foram apreendidos, o diretor conta que recebeu uma ligação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) pedindo ajuda, pois os bichos chegaram em situação muito difícil. Tanto filhotes como adultos estavam em recipientes inapropriados. Do total, ficaram no Butantan 98 animais, entre anfíbios, répteis e artrópodes. Os demais seguiram para outros lugares, já que nem todos podiam ser absorvidos pelo Instituto por falta de espaço naquele momento. Quando isso acontece, os animais podem ser encaminhados para outros locais receptivos de fauna apreendida.

Animais do tráfico interno são bichos que circulam dentro do Brasil, geralmente da Amazônia e do Nordeste. E, de acordo com Giuseppe, são principalmente jabutis, papagaios, passarinhos, saguis entre outros. No que se refere ao tráfico internacional, os animais da fauna nacional são levados por estrangeiros.

Por isso a importância do Ibama e de outros órgãos que monitoram os pontos de entrada no Brasil e os traficantes já conhecidos. Chegam ao Instituto muitas corn snakes ou cobras-do-milho, pítons, escorpiões e lagartos. Chegam também aranhas caranguejeiras, espécie que, segundo o diretor, teve um aumento significativo na quantidade nos últimos anos. Assim que chegam, os animais passam por uma triagem, são identificados, registrados e recebem os primeiros cuidados. Na sequência, de acordo com interesse e disponibilidade Institucional, os animais são destinados para os diferentes Setores do I. Butantan ou para entidades externas credenciadas ao recebimento.

O papel do Butantan no recebimento desses animais

Do mesmo modo que saem do Brasil, muitos animais vêm de outros países e, exemplo disso, é uma apreensão de 2019, também realizada pelo Ibama que enviou ao Butantan, vários filhotes, entre eles, dois monstros-de-gila. Venenoso, o lagarto tem como habitat natural o sudoeste dos E.U.A. e noroeste do México, uma área muito quente e seca. O animal, cuja espécie hoje é quase ameaçada de extinção, está exposta no Museu Biológico.  

O Butantan também recebe doações espontâneas da população. É o caso de uma jiboia – resgatada por um caminhoneiro – que chegou do Piauí ainda filhote, no ano de 1999. “Eu recebi esse bichinho bem pequenininho, filhote, preparei um terrário e comecei a cuidar dele. Ele vai fazer 22 anos. Está lindo! Eu tenho esse como grande exemplo legal. Você cuida do bicho, dá condições e ele está aí”, conta Giuseppe, com brilho nos olhos.

Imagem Jiboia

O instituto possui a Recepção de