A vacina contra Covid-19 pode se tornar anual desde que os imunizantes disponíveis tenham suas plataformas atualizadas para as novas variantes de preocupação, entre elas a delta e a ômicron, afirmaram cientistas da China, Chile e Brasil durante o segundo dia do CoronaVac Symposion, nesta quarta (8). O evento que discute estudos mundiais e novas descobertas sobre a CoronaVac, uma iniciativa do Butantan com a farmacêutica chinesa Sinovac, começou na terça e ocorre até esta quinta (9), das 8h às 11h. O evento é online e gratuito.
Para o chefe do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), Edison Durigon, a vacinação anual contra Covid-19 deve ocorrer no futuro “porque o coronavírus muda muito e cada vez temos uma variante diferente da anterior”, afirmou.
“O que vai ser o futuro da vacinação é manter uma vacina anual, mas precisamos mudar as cepas. Não podemos ter as mesmas vacinas com a cepa de Wuhan, com a ômicron, a delta por aí, que são muito diferentes da cepa original. Nós temos proteção, mas não é 100% e precisamos desafiar a variante que está circulando na época. Nós precisamos incluir as novas variantes porque elas vão mudar o tempo todo”, disse o microbiologista.
O doutor em microbiologia e imunologia da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Chile, Alexis Kalergis, ressalta a necessidade de atualização das vacinas contra Covid-19 já disponíveis antes mesmo de discutir a necessidade de mais doses no futuro.
“As decisões têm que ser tomadas com base em evidências e temos tecnologia para responder a essa pergunta. Temos o vírus circulando com várias mutações e essas variantes de preocupação com alto número de células T. Talvez seja algo que vamos precisar ter. As vacinas precisam ser atualizadas para poder cobrir essas variantes de preocupação”, disse.
Já para o pesquisador Zhijie An, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, o que vai ser decisivo na necessidade de manter doses anuais vai ser a evolução do coronavírus, semelhante ao que ocorre com as vacinas de Influenza.
“Se precisarmos mudar a vacina a cada ano para uma nova dose vai depender do vírus. Ele pode acabar se tornando um vírus de gripe, mas é um cenário diferente. Não é um reforço, mas sim uma vacina sazonal, para novas cepas. Não vemos essa vacina sazonal de gripe como reforço, mas uma vacina nova que mudou. Mas se a mutação não for tão alta, não acho que vamos precisar ficar repetindo reforço”, disse o epidemiologista.
Consulte a programação do segundo dia do CoronaVac Symposium