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Vacina contra a dengue desenvolvida pelo Butantan entra na reta final de estudos clínicos


Publicado em: 19/11/2021

Nem só ao combate à Covid-19 e à produção de soros antiofídicos se dedica o Butantan. Trabalhando sempre a serviço da vida e da saúde da população, o instituto desenvolve diversos imunizantes contra outras doenças graves que, em tempos de pandemia, até esquecemos que existem. Uma delas é a dengue, que só em 2019 infectou 1.489.457 brasileiros, causando 689 mortes. Desde 2009 pesquisadores do Butantan estudam a produção de uma vacina contra o vírus da dengue. Ela ainda não tem previsão de distribuição à população, mas os ensaios clínicos estão bem avançados.

Esse imunizante usa a técnica de vírus atenuado contra a dengue, utilizando vírus enfraquecidos que induzem a produção de anticorpos sem causar a doença e com poucas reações adversas. O imunizante será tetravalente, protegendo dos quatro tipos de dengue (tipo 1, 2, 3 e 4). “Sempre que se planeja fazer uma nova vacina o ideal, quando possível, é utilizar um vírus atenuado, pois geralmente gera uma resposta mais eficiente e duradoura”, explica a gerente de projetos do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas Virais do Butantan, Neuza Maria Frazatti Gallina. 

 

A atenuação do vírus foi feita pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), um dos parceiros do Butantan na iniciativa. Os vírus atenuados foram cultivados em células Vero do macaco verde africano, uma técnica já estabelecida e usada em diversas vacinas; depois, a matéria-prima foi purificada e seguiu para a formulação. A última etapa é a liofilização, processo que transforma o liquido em pó, e a criação do diluente para diluir o pó no momento da aplicação da vacina.

Normalmente, no processo de cultivo dos vírus da dengue as células Vero para ser aumentadas utilizam um soro fetal bovino que, por ser de origem animal, pode conter contaminantes. No Butantan, porém, as células foram aumentadas sem o uso do soro animal, utilizando uma plataforma desenvolvida anteriormente para a vacina da raiva, que faz o aumento dessas células sem precisar do soro de origem animal. Essa tecnologia é patenteada pelo instituto e, de tão importante, foi vendida à farmacêutica Merck.

Os ensaios clínicos de fase três da vacina já estão em andamento. Atualmente, está sendo feito o acompanhamento dos últimos voluntários incluídos nos