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Veja as diferenças entre a varíola monkeypox e a varíola humana e como elas afetam os humanos

Monkeypox e smallpox são vírus primos, porém bem diferentes quando o assunto é transmissão e gravidade


Publicado em: 01/06/2022

Apesar de terem algumas semelhanças, os vírus monkeypox, conhecido como varíola dos macacos, e o smallpox, da varíola comum, são diferentes. Isso porque ambos têm distinções na sua estrutura, na forma de transmissão e no potencial de gravidade e letalidade, que diferencia a maneira como ela afeta os humanos. 

“Os dois vírus são da mesma família, que é a Poxviridae, e do mesmo gênero Orthopoxvirus, e têm uma identidade genética bastante grande, de quase 90%. Porém existem diferenças que fazem com que a varíola infecte apenas os seres humanos e o monkeypox tenha outros tipos de hospedeiros, que seriam os primatas não humanos e os roedores”, explica a diretora do Laboratório de Virologia do Instituto Butantan, Viviane Botosso. 

A varíola dos humanos

O smallpox, o vírus da varíola humana, foi considerado um flagelo da humanidade por provocar uma doença bastante grave, que causou 300 milhões de mortes no mundo no século 20. Ela foi considerada erradicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1980, após uma ampla campanha de vacinação mundial nas décadas de 1960 e 1970. 

Sua origem remonta a epidemias na Idade Média, entre os séculos 10 e 20. Ela se tornou menos mortal a partir da descoberta da vacina contra varíola pelo médico inglês Edward Jenner (1749-1823) ainda no século 18. O imunizante foi produzido com base na inoculação da varíola da vaca em humanos, depois de Jenner perceber que pessoas que ordenhavam vacas que haviam adoecido com a varíola de bovinos (cowpox) não se contaminavam com a varíola humana. 

Inclusive, o termo vacina ou vaccine, em inglês, se refere originalmente ao vírus da varíola da vaca conhecido como vaccínia. O termo ganhou o significado de vacinação quando passou a ser usado pelo cientista francês Louis Pasteur em 1884. 

No Brasil, o primeiro surto da varíola ocorreu em meados de 1555, quando a doença foi introduzida no Maranhão por colonos franceses. Anos depois ocorreu uma epidemia da doença relacionada ao tráfico de escravos africanos e, tempos depois, o vírus foi novamente trazido ao país por portugueses e se estabeleceu em cidades portuárias até chegar ao interior. 

A Campanha de Erradicação da Varíola foi criada em decreto em 1966, quando substituiu a Campanha Nacional contra a Varíola, de 1962. A vacinação em massa, que imunizava pessoas em praças públicas e em escolas, usava um injetor de pressão para aplicação da vacina, o que permitia imunizar mais pessoas em menos tempo,