Já imaginou um esquilo entrando em uma loja para roubar nozes ou um quati invadindo sua casa e fazendo a festa na cozinha? Casos como esses viram manchete nos jornais e rendem vídeos engraçados na internet, mas são mais comuns do que você imagina – e também acontecem entre os próprios animais. O roubo é um tipo de comportamento presente no mundo dos bichos, conhecido como cleptoparasitismo.
Animais com essa característica se aproveitam de recursos dos outros da mesma espécie, ou então de uma espécie diferente, em prol da sobrevivência, pegando alimentos ou itens para construir seus ninhos. Conheça alguns desses pequenos e grandes ladrões:
Esquilo, o ladrão simpático
Fofinhos e carismáticos, mas nada inocentes, os esquilos são animais muito ágeis e inteligentes que usam várias táticas para conseguir comida. Além de roubarem de outros esquilos, às vezes, eles podem entrar em casas e lojas para pegar nozes, sementes e vegetais. Para se proteger de outros esquilos “ladrões”, alguns cavam buracos (esconderijo comum para seus alimentos) e os cobrem de volta, mas sem colocar nozes dentro, enganando os outros animais.
Aranha gota de orvalho, a invasora destemida
As aranhas do gênero Argyrodes são verdadeiras aproveitadoras: elas invadem as teias de outras aranhas para furtar e consumir os insetos que elas capturaram. E, ainda, traçam uma rota de fuga, construindo uma teia rudimentar na borda da teia da hospedeira. A aranha intrusa pode tentar passar despercebida ou fazer o oposto, sacudindo a teia para assustar a anfitriã com as vibrações e fazê-la fugir. Mas nem sempre a dona da teia sai perdendo – às vezes, as duas compartilham o alimento. Enquanto a aranha hospedeira está ingerindo a presa, a invasora se aproxima para se alimentar junto com ela.
Gaivota, a ave pirata
As gaivotas são especialistas em roubar comida de outros pássaros. Como elas não têm habilidade de mergulhar no mar para pegar peixes e outros pequenos animais marinhos, elas aguardam outros colegas voadores fazerem isso e se aproveitam da situação. Normalmente, as gaivotas furtam peixe dos pelicanos, que são ótimos pescadores, mas elas podem até mesmo se apoderar do alimento de alguma pessoa distraída.
Foto: Wikimedia Commons
Abelha-limão, oportunista de natureza
Essa curiosa espécie sobrevive saqueando os ninhos de outras abelhas. Ela tem esse nome porque exala um aroma ácido, usado para confundir e dispersar as residentes da colmeia alvo. Durante a invasão, a abelha-limão rouba toda a produção da outra espécie – o mel, o pólen, o própolis e a cera. As abelhas ladras são fortes e possuem cabeças e pernas avantajadas, adaptadas para lutar. A pressão evolutiva desses insetos foi tanta que causou o surgimento das abelhas guardas, que podem ser até 30% maiores do que as demais abelhas operárias e atuam como soldados protetores da colmeia.
Polvo, um gênio do fundo do mar
O polvo é considerado um dos invertebrados mais inteligentes do mundo, com 500 milhões de neurônios, sendo que dois terços se concentram em seus tentáculos. Ele é capaz de planejar ações, usar objetos como ferramentas e se camuflar para evitar predadores. Esses animais costumam roubar conchas e abrigos de outros animais e, muitas vezes, conseguem pegar peixes e caranguejos de barcos pesqueiros.
“Baleia” cachalote, uma gigante traiçoeira
Com cerca de 40 toneladas, a cachalote é o maior predador com dentes do mundo. Apesar de ser um cetáceo (mamífero aquático), não é considerada uma baleia por ser dentada. Ela mergulha profundidades de quase 2.500 metros em busca de alimento, e sua refeição favorita são lulas gigantes. A cachalote costuma pegar os peixes das linhas de pesca dos barcos, trazendo problemas especialmente para pescadores do Alasca, onde esses roubos são registrados com frequência.
Reportagem: Aline Tavares
Fotos: Shutterstock