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ESIB sedia 5º Encontro dos alunos de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica do Instituto Butantan

Evento reuniu participantes dos programas PIBIC/PIBITI com dezenas de sessões de pôsteres e trocas de experiências com pesquisadores sêniores do Butantan


Publicado em: 21/06/2023

A Escola Superior do Instituto Butantan (ESIB) sediou nesta terça (20) o 5º Encontro dos alunos de Iniciação Científica e Inovação Tecnológica da organização. Nomeado "Um Encontro Vital entre os Jovens Cientistas e a Pesquisa e Inovação do Instituto Butantan", o evento reuniu palestrantes de universidades brasileiras e contou com a exposição de 49 trabalhos desenvolvidos em laboratórios do Butantan, que foram avaliados por uma comissão de pesquisadores de outras instituições.

Participaram do encontro bolsistas dos Programas de Iniciação Científica (PIBIC) e de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI) financiados pelo Centro Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq) e pela Fundação Butantan. Em duas sessões dedicadas à apresentação de pôsteres, eles apresentaram suas pesquisas, puderam trocar experiências e conheceram mais a fundo as práticas da vida acadêmica. Cinco destes trabalhos receberam menções de destaque dos avaliadores e uma premiação simbólica.

Para o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, “é um enorme orgulho para o Butantan participar do projeto”. Esper, que é médico infectologista formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), instituição onde também fez carreira acadêmica como professor e pesquisador do Hospital das Clínicas (HCFMUSP), lembrou que a iniciação científica sempre foi encarada como o principal indicador de desempenho acadêmico da instituição. “Havia uma meta de inserir todos os alunos na iniciação científica, como forma de se conseguir um nível de formação, e um desempenho melhor pós-faculdade”, disse ele durante a abertura do evento.

Esper destacou ainda importância da iniciação no desenvolvimento científico para além da formação superior. “Trazer os estudantes da graduação para o programa de iniciação científica é fundamental para o desenvolvimento da ciência. Não adianta só decorar nome de bicho ou ciclos patogênicos. Temos que fazer ciência, que é a melhor forma de desenvolver o raciocínio lógico, responder perguntas e desenvolver a curiosidade”, ressaltou.



Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, falou sobre a importância da iniciação científica na carreira acadêmica e no desenvolvimento da ciência


Programa abre portas

O Butantan participa há 20 anos do PIBIC e 13 do PIBITI e atualmente conta com 50 bolsistas do CNPq e da Fundação Butantan – 51,2% deles de universidades públicas e 48,8% de universidades privadas. Os projetos são desenvolvidos e orientados por pesquisadores dos laboratórios do Centro de Desenvolvimento Científico (CDC) e do Centro de Desenvolvimento e Inovação (CDI) do Butantan. 

Para a coordenadora dos Programas PIBIC/PIBITI do Instituto, Eliana Faquim, foi um “prazer imenso” receber os alunos para o encontro, que ocorre anualmente desde 2018. “Nos últimos cinco anos procuramos temas atuais para estimular a carreira na pesquisa e pulverizar o conhecimento. Um evento como este é um momento para estes alunos conversarem entre si e com outros pesquisadores e terem o prazer de apresentar os resultados de seus projetos”, afirmou Eliana.

O programa PIBIC PITIBI do Instituto Butantan conta também com a coordenação das pesquisadoras Elisabeth Cheng, Fernanda Calheta Vieira Portaro e Maisa Splendore Della Casa.



Sandra Coccuzzo, diretora do Centro de Desenvolvimento Científico do Butantan


Para a diretora do CDC, Sandra Coccuzzo, os programas de iniciação científica e tecnológica são uma grande oportunidade de aprendizado para quem quer seguir a carreira acadêmica.

“Quando eu entrei na iniciação científica, encontrei mestres. Vocês vão encontrar mestres dentro do Butantan e entre as pessoas que colaboram com o Instituto. A porta de tudo isso é o PIBIC/PIBITI. Hoje contamos com áreas novas, com o apoio da ESIB, para que vocês possam ser acolhidos institucionalmente”, disse.

A diretora do CDI, Ana Marisa Chudzinski Tavassi, ressaltou que fazer parte da iniciativa pode ser uma oportunidade para alunos que queiram se dedicar à inovação. “Além de estar no programa, estamos dentro de uma instituição que tem todo o potencial de começar uma ideia, de fazer um produto, e temos que valorizar isso”, destaca.

Para o coordenador da ESIB, Marcelo Santoro “é muito gratificante poder fomentar o começo da carreira científica dos alunos”. “Hoje é um dia para discutir ciência e fazer uma confraternização, um dia especial para trocar figurinhas no sentido de iniciar novos projetos, em uma oportunidade ímpar.”



Marcelo Santoro, coordenador da ESIB, ressaltou a importância da troca de experiências durante o evento


Para mostrar aos jovens cientistas um pouco do trabalho desenvolvido pelos profissionais sêniores do Butantan, o pesquisador do Laboratório de Bioquímica Vincent Louis Viala fez uma palestra sobre a atuação do Centro de Vigilância Viral e Avaliação Sorológica (CeVIVAS) durante a pandemia de Covid-19 e os novos trabalhos que envolvem o projeto. “O intuito é ajudar no desenvolvimento de vacinas da chikungunya, dengue e na vigilância genômica, que é um braço do CeVIVAS”, disse. 

Para inspirar os estudantes, a pesquisadora do Laboratório de Bacteriologia Roxane Piazza fez a palestra "Transitando por diferentes domínios: do T. cruzi ao SARS-CoV-2", que abordou fases de sua carreira acadêmica e seus estudos nacionais e internacionais. “Para fazer ciência é preciso ser resiliente e persistente porque recebemos mais nãos do que sins. Saber lidar com as frustrações é importante.”

A professora titular do Instituto de Química de Araraquara da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Vanderlan da Silva Bolzani ministrou a palestra "Importância da Iniciação Científica na Ciência Atual e Contemporânea", destacando como o trabalho dos jovens pesquisadores pode ser definidor de um futuro melhor para a humanidade.

“O Instituto e as universidades investem nos jovens para que vocês pensem. É com vocês que podemos almejar um amanhã melhor do que temos hoje. A iniciação científica é entrar em um caminho fascinante de pesquisa e inovação”, disse.



Caio Oliveira Mendes, um dos alunos premiados do evento, estuda peptídeos com potencial biotecnológico

 

Futuro da ciência

Ao final do evento, as pesquisas mais promissoras foram premiadas, conforme a avaliação da comissão julgadora. O estudante Caio Oliveira Mendes foi um dos homenageados pela pesquisa “Emprego da hialuronidase de peptídeos com potencial biotecnológico a partir do colágeno hidrolisado”. Sob orientação da pesquisadora do Laboratório de Estrutura e Função das Biomoléculas Fernanda Portaro, o jovem agradeceu o reconhecimento e destacou “que ninguém faz ciência sozinho”. 

O outro destaque foi para o trabalho de Agatha Fisher Carvalho, intitulado “Avaliação do efeito de venenos de serpentes do gênero Bothrops sobre a viabilidade de Schistosoma mansoni e sobre a expressão de genes envolvidos com a alimentação”, orientado pelo pesquisador do Laboratório de Ciclo Celular Murilo Amaral. “Agradeço imensamente a oportunidade de estar nesta instituição de tanto prestígio e estar neste programa que me ensina tanto”, afirmou.

Outro trabalho de destaque foi “A aldeído desidrogenase-2 regula o desenvolvimento da neuropatia alcoólica”, de Johann Ciotti, sob orientação da pesquisadora do Laboratório de Dor e Sinalização Vanessa Zambelli. “Agradeço à minha orientadora que confiou em mim e abriu a porta para que eu pudesse estar aqui”, disse.

A aluna Rafaela Cassa Misaca estuda os efeitos da crotoxina e foi uma das homenageadas


A estudante Rafaela Cassa Misaca foi outro destaque com o “Estudo do efeito da crotoxina isolada do veneno de Crotallus durissus terrificus sobre a ativação de células dendríticas por ligantes de receptores do tipo toll”, sob orientação da pesquisadora do Laboratório de Imunopatologia Eliana Faquim. “Tenho que agradecer todos os envolvidos pela oportunidade e por todos os esforços para manter esse programa que transforma vidas”, ressaltou.

A estudante Beatriz Reis da Silva também teve sua pesquisa “Catalogação e divulgação dos dípteros (insecta) depositados na coleção entomológica do Instituto Butantan”, sob orientação da pesquisadora do Laboratório de Coleções Zoológicas Flávia Virgínio, entre os destaques. “Gostaria de agradecer a minha orientadora e meus amigos de laboratório que me ajudam a realizar diariamente o projeto”, afirmou.

A estudante Raquel Oliveira, também orientanda de Murilo Amaral, foi outro destaque, com o estudo “Avaliação da transferência de RNAs longos não-codificadores de proteínas por meio de vesículas extracelulares de Schistosoma mansoni para o hospedeiro mamífero”. “Foi o primeiro evento que eu participei e ele reforçou que não estamos fazendo ciência sozinhos”, concluiu.


 

Reportagem: Camila Neumam

Fotos: André Ricoy, José Felipe Batista e Renato Rodrigues/Comunicação Butantan