Estudos recentes mostram que as vacinas de vírus inativado como a CoronaVac, do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac, funcionam no combate à Covid-19 e podem ser capazes de combater também a variante ômicron do SARS-CoV-2. Essa é a opinião do epidemiologista Abdi Mahamud, gerente da Equipe de Suporte ao Gerenciamento de Incidentes de Covid-19 (IMST, na sigla em inglês), da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“O que vimos até agora é que o que vai proteger de hospitalização [pela Covid-19] com efeitos severos e óbitos é a resposta das células T. Há uma diminuição nos anticorpos neutralizantes, e aí entram as células T”, explicou o médico em coletiva de imprensa online na última terça (4), referindo-se às células de memória ou linfócitos T, que fazem parte do sistema imune e ajudam a proteger o corpo contra infecções no longo prazo.
Se há qualquer alteração detectada pelos anticorpos, as células T usam “força bruta”, gerando uma proteção específica a partir do reconhecimento do vírus pelos linfócitos. Segundo Abdi Mahamud, como as novas variantes são como “primos próximos”, pertencentes à mesma família do SARS-CoV-2, as células T vão manter sua habilidade de reconhecer e proteger da forma mais grave da doença.
“Todas as vacinas que têm sido usadas têm uma resposta e proteção muito boa de células T. Nós vimos uma parte que veio da Sinovac [CoronaVac], e ela mostra uma neutralização. Pretendemos focar no que as vacinas estão fazendo com as células T e na prevenção de hospitalização”, completou o epidemiologista.
Segundo Abdi Mahamud, apesar de provocarem respostas diferentes em termos de prevenção e proteção à infecção, todos os imunizantes atualmente em uso funcionam no combate à Covid-19.
“O que nós sabemos das vacinas é que elas, sim, previnem, tanto Sinovac, quanto Sinopharm [vacina de vírus inativado produzida pela farmacêutica chinesa de mesmo nome]. Os estudos do Chile e de outros lugares mostraram que funcionam muito bem contra hospitalizações com efeitos severos”, explicou o médico. “A nossa previsão é que a proteção contra hospitalização com efeitos severos e mortes seja mantida”, completou.