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Nem eles se salvam: conheça os animais que sofrem com piolhos como os humanos; veja alguns bem de pertinho

As aves, além de mamíferos terrestres e aquáticos, também convivem com ectoparasitas que podem causar doenças


Publicado em: 12/05/2022

Os piolhos são parasitas externos que causam uma coceira tremenda na pele, e não atingem só os humanos. Ocorrem também em mamíferos grandes como os búfalos, pequenos como os gatos, aquáticos como a foca, e em aves como as galinhas – uma extensa lista de animais que podem se tornar piolhentos.

Os sintomas e as consequências da infestação por piolhos são semelhantes em humanos e animais. Por isso, em ambos eles precisam ser eliminados pois são vetores de doenças.

 

De onde vem os piolhos?

Os piolhos são insetos que surgiram na natureza há milhares de anos. Existem aproximadamente 9.500 espécies pelo mundo divididos em quatro subordens: Amblycera, Ischnocera, Rhyncophthirina e Anoplura. A última reúne espécies classificadas como sugadores, que se alimentam de sangue, e as demais são do tipo mastigadores, que comem restos de pele, ácaros e secreções.

Ao picarem a derme, os piolhos sugadores injetam uma substância anticoagulante que causa uma reação alérgica no corpo, manifestada como coceira.

Minúsculos, os piolhos podem medir de 0,3 a 11 milímetros e têm um corpo achatado coberto por um par de antenas e três pares de pernas com cerdas, variáveis conforme o hospedeiro. Isto é, piolhos de animais de pelo curto ou sem pelos precisam ter garras mais afiadas, e o contrário ocorre naqueles mais peludos ou com penas. O aparelho bucal deles também é adaptado conforme o alimento.

A coloração dos piolhos varia de bege a castanho, ficando mais escura quando se alimentam. A fêmea do piolho, que costuma ser bem maior do que o macho, põe em média de 150 a 300 ovos, que dão origem às lêndeas.

O tempo médio de vida do piolho humano varia de 14 a 28 dias e nos hospedeiros de animais domésticos, de 20 a 40 dias. Fora da pele eles não sobrevivem mais de 24 horas.

Os piolhos são específicos para cada espécie. Isto é, cada ectoparasita é um parasita externo, diferentes dos vermes, que são internos, e cada espécie tem seu próprio hospedeiro. Por isso, um piolho de cachorro não pega em humanos e vice-versa.

Abaixo, veja exemplos de piolhos humanos e de diversos animais. Os exemplares destas espécies estão catalogados no Laboratório de Coleções Zoológicas do Instituto Butantan.

 

Piolhos humanos

Espécie: Pediculus humanus capitis

Contato: a pediculose da cabeça ocorre quando alguém com piolhos tem contato muito próximo com outras pessoas, o famoso “cabeça com cabeça”, ou divide lençóis de cama ou escova de cabelo.

Sintomas e tratamento: o principal sintoma é a coceira na cabeça, que pode ser contida com remédios e loções tópicas. Mas os Pediculus sp. são vetores da bactéria Rickettsia prowazekii, transmitida pelas fezes do piolho, que podem entrar na corrente sanguínea através das feridas causadas pela coceira e causar Tifo. Essa grave infecção causa sintomas como febre, dor de cabeça e exaustão extremas, além de feridas na pele.

 

Espécie: Phthirus púbis

Contato: geralmente é encontrado em pelos pubianos, mas também pode ser visto na cabeça e em outras partes do corpo. Também são sugadores de sangue e causam coceira na pele.

Sintomas e tratamento: a infestação descontrolada pode desencadear febre recorrente, cefaleia, vômito e exantemas na pele. A boa notícia é que existem remédios e loções tópicas para tratar estes piolhos.

 

Piolho de búfalo

Espécie: Haematopinus tuberculatus

Características: são do tipo sugador, que se alimentam de sangue, e são considerados dos grandes, com mais de quatro milímetros de tamanho.

Sintomas e tratamento: a infestação sem controle causa coceira abundante e aumenta o perigo de doenças como berne ou bicheira justamente pela abertura de feridas que são colonizadas por moscas e outros parasitas, que depositam vermes. A infecção causa perda de peso, prostração e comprometimento de órgãos, que pode levar à morte do animal.

 

Piolho de gado

Espécie: Haematopinus eurysternus

Características: um dos maiores piolhos que se hospedam em mamíferos, com aproximadamente quatro milímetros de comprimento, ele tem três pernas, um par de antenas e corpo robusto; é do tipo sugador.

Sintomas e tratamento: coceira e berne.

 

Piolho de aves

Espécies: Rhopaloceras oniscus é o piolho hospedeiro do macuco; Ardeicola leucosoma do jaburu; e Columbicola columbae é o piolho da pomba.

Características: praticamente todas as aves têm piolhos do tipo mastigador, que se alimentam de restos de pele, ácaros e secreções.

 

Piolho de cachorro do mato

Espécie: Trichodectes canis

Características: piolho do tipo sugador.

Sintomas e tratamento: coceira e berne.

 

Piolho de cabra

Espécies: Linognathus stenopsis e Bovicola caprae

Características: É um piolho do tipo mastigador.

Sintomas e tratamento: coceira e berne.

 

*Essa matéria contou com a colaboração do tecnologista do Laboratório de Coleções Zoológicas do Instituto Butantan, Eli Campos de Oliveira