Após o Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde, dialogar com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o órgão regulatório irá adotar o procedimento de “submissão contínua” para avaliar os dados disponíveis e os que ainda estão sendo gerados da Butantan-DV, vacina contra a dengue que está em desenvolvimento pelo Instituto. O imunizante encontra-se na fase 3 de ensaio clínico e foi desenvolvida para proteger contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).
Com a nova medida, Anvisa e Butantan passarão a dialogar continuamente durante o fornecimento do pacote de dados à medida que eles forem sendo consolidados pelos pesquisadores e pelas áreas de Controle de Qualidade e Produção. O estudo, que iniciou o recrutamento de voluntários em 2016, seguirá até que todos os participantes completem cinco anos de acompanhamento, em julho deste ano.
“Estamos em diálogo permanente com o Ministério da Saúde e a Anvisa, seguindo as diretrizes também da Secretaria de Estado da Saúde, para colaborar nos esforços coletivos de enfrentamento da dengue”, afirma o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás.
Recentemente, a candidata a vacina teve seus dados de segurança e eficácia divulgados no New England Journal of Medicine. A eficácia evidenciada no ensaio clínico, de 79,6%, envolveu tanto quem já tinha tido dengue como aqueles sem infecção prévia. Ao longo de dois anos, a proteção foi observada em todas as faixas etárias, sendo de 90% em adultos de 18 a 59 anos, de 77,8% em quem tinha de 7 a 17 e de 80,1% nas crianças de 2 a 6 anos. Como no período do estudo circularam apenas os sorotipos 1 e 2 no Brasil, até o momento foi possível descrever uma eficácia de 89,5% para DENV-1 e 69,6% para DENV-2. Desde 2016, vêm sendo analisados 16.235 voluntários com idades de 2 a 59 anos, em 16 centros de pesquisa de todo o Brasil.
Em relação à segurança, a maioria das reações adversas foi classificada como leve a moderada, sendo as principais dor e vermelhidão no local da injeção, dor de cabeça e fadiga. Eventos adversos sérios relacionados à vacina foram registrados em menos de 0,1% dos vacinados, e todos se recuperaram totalmente. A Butantan-DV foi considerada segura e bem tolerada.