Uma nova vacina recombinante contra a tuberculose, em desenvolvimento no Instituto Butantan, além de fornecer proteção, mostrou ter um efeito terapêutico em testes pré-clínicos. Segundo estudo publicado na revista Frontiers in Immunology, a hipótese é que o imunizante poderia atuar como tratamento adjuvante, diminuindo a necessidade da terapia tradicional. Isso ajudaria a aumentar a permanência dos pacientes no tratamento, já que hoje muitos desistem antes da conclusão por não suportarem os efeitos colaterais. Com 10 milhões de novos casos e 1,5 milhão de mortes por ano, um dos maiores desafios da tuberculose é o longo tratamento de seis meses, feito com drogas quimioterápicas que causam reações adversas intensas.
Segundo a pesquisadora Luciana Leite, do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas, mesmo quando os sintomas do paciente melhoram, é essencial seguir a terapia até o fim. Caso contrário, a bactéria Mycobacterium tuberculosis não é eliminada totalmente, voltando a se multiplicar e causando o retorno da doença. “As bactérias também podem desenvolver resistência aos antibióticos anteriormente aplicados, exigindo o uso de novos medicamentos. Quando interrompido, o tratamento pode se estender por mais dois anos”, diz.
O estudo mostrou que aplicar a vacina do Butantan em modelos animais infectados, após uma dosagem inicial do tratamento convencional, reduz significativamente a quantidade de bactérias e a inflamação no pulmão por pelo menos dois meses. A concentração de bactérias no pulmão caiu de aproximadamente 1 milhão para 1.500. Com a quimioterapia interrompida e sem aplicação da vacina, a concentração foi de cerca de 15.000 (aumentando rapidamente após a interrupção do tratamento).
Os pesquisadores também testaram tratar os animais somente com o imunizante, porém o efeito não foi tão pronunciado quanto a combinação de quimioter