O Instituto Butantan realizou nesta terça (11) a cerimônia de abertura do programa Cientista Mirim, que neste ano selecionou 19 estudantes do 2º e 3º ano do ensino médio de escolas públicas e privadas de todo o estado de São Paulo. Organizada e coordenada pela Escola Superior do Instituto Butantan (ESIB), a iniciativa permite a jovens interessados em ciência a oportunidade de vivenciar experiências realizadas nos laboratórios do Instituto por seis meses, com aulas teóricas e práticas, e apoio dos pesquisadores da instituição.
“É muito gratificante ter o privilégio de ver jovens virando doutores, professores e orientadores. Esse programa tem uma mensagem importante do quanto a ciência é transformadora para toda a humanidade”, disse o vice-diretor do Instituto Butantan e diretor do Centro de Ensino, Rui Curi, durante a cerimônia de abertura.
Rui Curi deu as boas-vindas aos estudantes do Cientista Mirim
Os alunos selecionados terão aulas sobre biossegurança, Boas Práticas de Laboratório (BPL), armazenamento e descarte de resíduos, além da vivência prática em laboratórios de pesquisa para conhecer e formular técnicas científicas e ampliar a capacidade de solucionar e interpretar resultados. Ao final, os estudantes poderão apresentar trabalhos em congressos e feiras de iniciação científica.
Em sua 2ª edição neste ano, o programa recebeu 205 inscrições. Em 2023, foram pouco mais de 100 pessoas inscritas.
“Trazer alunos qualificados com interesse em ciência é um orgulho muito grande porque aqui eles poderão ter um aprendizado enriquecedor, ter a vivência em laboratórios de pesquisa e conhecer áreas e tecnologias que não vão ver na escola”, afirmou o vice-coordenador da Comissão Cientista Mirim e pesquisador científico do Biotério Central, Marcelo Santoro.
Marcelo Santoro destacou a importância de ter jovens talentos no Butantan
Antigos e novos estudantes juntos
Os integrantes do Cientista Mirim 2024 foram recepcionados pelos estudantes e ex-participantes do programa Beatriz Lima, Marina Berghem e João Zabotto, que fizeram parte da ação em 2023. Ao falar sobre suas experiências na iniciativa, eles emocionaram os pais, pesquisadores e alunos presentes na plateia.
“Quando entrei no Cientista Mirim, finalmente encontrei o caminho profissional que queria seguir. Hoje, curso Biomedicina na Universidade São Judas Tadeu e o que posso dizer é que os alunos devem aproveitar cada segundo dentro do Butantan”, comentou João.
Ex-participantes do Cientista Mirim 2023 fizeram um discurso descontraído
Já Beatriz, uma jovem apaixonada por insetos, destacou que o programa mudou a sua vida, reafirmando o seu amor pelos pequenos bichinhos e confirmando sua vocação de cientista. “Meu conselho para os novos cientistas mirins é que aproveitem muito mais do que as 120 horas que o curso exige, escutem os conselhos dos orientadores, os puxões de orelha dos técnicos e que façam amizades com os outros estudantes dos laboratórios. Eu faria loucuras para viver isso de novo”, brincou ela.
O apoio dos familiares é sempre essencial para que os jovens possam realizar os cursos e isso reflete nas escolhas de cada um. A história e os desejos acadêmicos da estudante do 2º ano do Ensino Médio Maria Eduarda Lima se misturam com o que vivenciou com sua mãe durante a infância.
“Eu gosto muito de ciências biológicas, especificamente das áreas relacionadas ao corpo humano, neurológicas e de estudos relacionados à cardiotorácica. A minha mãe fazia fisioterapia quando eu era mais nova e, toda vez que chegava em casa, revisava o que tinha aprendido no dia comigo. Por conta dessas revisões que ela fazia para a faculdade, acabei tendo muito gosto por essa área”, conta a estudante.
Maria Eduarda celebrou a conquista durante a cerimônia de abertura
O aluno do 2º ano Antonio Chaves também leva consigo o desejo de atuar futuramente na área biológica, em especial com neurociência. Foi por isso que ele escolheu passar os seis meses no Laboratório de Imunopatologia para aprender sobre o sistema imune, que considera complexo e até mesmo misterioso.
“Espero que eu aprenda muito, que eu possa ter um contato direto com o laboratório. Quero entender como os estudos funcionam na prática, ter a vivência, ver as tecnologias usadas no Butantan e toda a metodologia utilizada”, finalizou Antonio.
Antonio Chaves tem o desejo de trabalhar com neurociências
Onze laboratórios do Butantan receberão os jovens estudantes nesta edição: Laboratório de Dor e Sinalização; Laboratório de Coleções Zoológicas; Laboratório de Bacteriologia; Laboratório de Genética; Laboratório de Herpetologia; Laboratório de Fisiopatologia; Centro de Excelência para Descobertas de Alvos Moleculares (CENTD); Laboratório de Toxinologia Aplicada; Laboratório de Farmacologia; Laboratório de Imunopatologia e o Laboratório de Desenvolvimento e Inovação.
Reportagem: Mateus Carvalho
Fotos: Marilia Ruberti