O ano dois da pandemia de Covid-19 foi marcado por uma violenta segunda onda do novo coronavírus no país, pelo colapso do sistema de saúde em várias regiões, pelo surgimento de novas variantes do vírus SARS-CoV-2 muito mais transmissíveis, como gama, delta e a recém-descoberta ômicron,mas, sobretudo,pelo avanço da vacinação contra a Covid-19 graças, em grande medida, à CoronaVac, imunizante do Butantan e da Sinovac.
De janeiro até o fim de 2021, o país atingiu a sonhada marca de 80% de sua população-alvo completamente vacinada. O Brasil também começou a oferecer a dose de reforço da vacina contra Covid-19 e fecha o ano com o retorno de atividades essenciais presenciais e familiares reunidos, mas ainda sem a liberação total das medidas restritivas. Por outro lado, recentemente a Europa e os Estados Unidos vivem o avanço da variante ômicron, acendendo o alerta para a necessidade de manter os cuidados. Afinal, a pandemia ainda não acabou.
Veja os fatos que mais representaram a pandemia em 2021.
JANEIRO
7 de janeiro: Brasil chega a 200 mil mortes pela Covid-19, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass),e se torna o segundo país do mundo com maior número de óbitos, atrás somente dos Estados Unidos.
14 de janeiro: Estoque de oxigênio em Manaus se esgota e sistema de saúde colapsa, com dezenas de mortes por asfixia de pacientes com Covid-19.
17 de janeiro: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprova o uso emergencial da CoronaVac, possibilitando o início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil. A primeira pessoa a ser imunizada foi a enfermeira do Instituto de Infectologia Emílio Ribas Mônica Calazans, de 54 anos.
FEVEREIRO
17 de fevereiro: Começa o Projeto S, com a vacinação dos voluntários do estudo de efetividade da CoronaVac realizado pelo Butantan no município paulista de Serrana. A pesquisa pioneira teve como objetivo imunizar a população adulta completa da cidade para entender o impacto da vacina no controle da pandemia de Covid-19 e na transmissão do SARS-CoV-2.
MARÇO
10 de março: Brasil ultrapassa 2.000 mortes diárias por Covid-19. Neste dia, foram registrados 2.349 óbitos, segundo o Conass.
18 de março: É registrada a primeira morte por falta de leito na cidade de São Paulo, que tem a maior infraestrutura hospitalar em toda a América Latina. A vítima era um homem de 22 anos que morreu esperando por uma internação na unidade de Pronto Atendimento II do Hospital São Mateus. O estado já somava 71 mortes de pacientes na fila de transferência para leitos de internação.
23 de março: Pela primeira vez, mais de 3 mil mortes por Covid-19 são registradas em um dia. Em 24 horas, ocorreram 3.251 mortes, segundo dados enviados pelos estados e agregados pelo Conass. O estado de São Paulo, sozinho, registrou 1.021 mortes por causa do novo coronavírus.
24 de março: Brasil atinge a marca de mais de 300 mil mortos pela Covid-19. Os casos confirmados de Covid-19 somavam 12.183.338, tornando o Brasil o país com o maior número diário de mortes por Covid-19 desde 5 de março. O país respondia por 11% das mortes por Covid-19 de todos os países até então, segundo dados da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos.
26 de março: Butantan anuncia o desenvolvimento de uma nova vacina contra a Covid-19, a ButanVac. O imunizante está sendo feito com insumos totalmente nacionais a partir da inoculação de ovos embrionados de galinha (mesma tecnologia da vacina da gripe), o que o torna muito seguro e de baixo custo.
ABRIL
7 de abril: Butantan dá início à rede de plasma convalescente, iniciativa que tem como objetivo estabelecer uma estrutura de coleta e distribuição de plasma de pessoas curadas de Covid-19, que pode ser utilizado no tratamento de pacientes que estão com a infecção. As primeiras cidades a integrarem a rede foram Araraquara e Santos.
14 de abril: Resultados de fase 3 da CoronaVac indicam eficácia de 62,3% do imunizante. A informação partiu da publicação em formato preprint dos dados finais do estudo de fase 3 da CoronaVac no Brasil. Os resultados definitivos trouxeram uma eficácia geral de 50,8%, maior do que a apontada nos dados preliminares, e mostraram que o indicador pode chegar a 62,3% com o intervalo de doses entre 21 e 28 dias, exatamente o praticado no Brasil.
8 de abril: Brasil bate novo recorde de mortes por Covid19 registradas em 24 horas, com 4.249 vítimas fatais da doença. O total de vítimas durante toda a pandemia de Covid-19 subiu para 345.025. Foram confirmados no mesmo período 86.652 novos diagnósticos positivos. O total acumulado de casos chegou a 13.279.957. O balanço foi divulgado pelo Ministério da Saúde com base em dados fornecidos pelas secretarias estaduais.
26 de abril: Mortes por Covid-19 em 2021 superam o total de 2020. Em 113 dias de 2021, foram registradas 195.949 mortes por Covid-19, contra 194.976 em 289 dias da pandemia em 2020. O mês de abril de 2021 se tornou o mais letal da pandemia no Brasil, com 67.723 mortes confirmadas pelo Conass.
29 de abril: Brasil atinge 400 mil mortes por Covid-19, com 3.001 novos óbitos registrados neste dia, segundo o Ministério da Saúde.
MAIO
3 de maio: Morte de idosos com 80 anos ou mais cai pela metade no Brasil após início da vacinação. O percentual médio de vítimas nessa faixa etária era de 28% em janeiro, quando teve início a vacinação, e caiu para 13% em abril deste ano, segundo estudo liderado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
31 de maio: Casos de Covid-19 despencam em Serrana após vacinação da população. Resultados preliminares do Projeto S mostraram que a vacinação da população de Serrana com a CoronaVac fez os casos sintomáticos de Covid-19 despencarem 80%, as internações, 86%, e as mortes, 95%. Além disso, o estudo demonstrou que o imunizante é efetivo em idosos e eficaz contra a variante gama do vírus SARS-CoV-2.
JUNHO
1º de junho: OMS aprova uso emergencial da CoronaVac. Foi o sexto imunizante contra Covid-19 a ser validado pela Organização Mundial da Saúde. Na ocasião, o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a vacina se mostrou segura e eficaz após as duas doses. No mesmo dia, a OMS anunciou que passaria a atribuir nomenclaturas simples, fáceis de pronunciar e lembrar para as principais variantes do SARS-CoV-2, utilizando letras do alfabeto grego.
16 de junho: Butantan fornece 50 milhões de doses da CoronaVac para o Ministério da Saúde para a imunização dos brasileiros contra a Covid-19.
17 de junho: Butantan lança Boletim Epidemiológico da Rede de Alerta das Variantes do SARS-CoV-2. A publicação semanal traz os resultados do sequenciamento genômico das amostras positivas de exames para detecção de Covid-19 que passam pela Rede de Laboratórios para o Diagnóstico do SARS-CoV-2, coordenada pelo instituto, a fim de realizar a identificação e acompanhamento das variantes do SARS-CoV-2 no estado de São Paulo.
JULHO
28 de julho: Variante delta do SARS-CoV-2 se torna ameaça global. A variante de preocupação surgida na Índia se espalhou rapidamente e alcançou 132 países em algumas semanas.
31 de julho: Brasil registra queda de 40% das mortes por Covid-19 com avanço vacinal. Dados do LocalizaSUS, do Ministério da Saúde, apontam queda de 42% nos óbitos por Covid-19 no mês de julho, uma diminuição atribuída ao avanço da vacinação na população. Na ocasião, 96 milhões de brasileiros tinham recebido ao menos uma dose da vacina.
AGOSTO
6 de agosto: 50% da população brasileira tomou ao menos uma dose da vacina contra Covid-19. Segundo o Ministério da Saúde, na mesma data 22% da população já estava com o esquema vacinal completo.
SETEMBRO
9 de setembro: Delta se torna a variante predominante em São Paulo. Estudo realizado pelo Butantan em parceria com a prefeitura de São Paulo relatou que a variante delta se tornou predominante na capital paulista. Segundo a Rede de Alerta de Variantes, na época 69,7% das amostras sequenciadas eram da variante delta e 28,4% da variante gama.
15 de setembro: Butantan totaliza entrega de 100 milhões de doses da CoronaVac para o Ministério da Saúde. Com o envio, o Butantan encerrou o contrato para o fornecimento da CoronaVac ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), que distribui as doses para os estados.
22 de setembro: Ministério da Saúde recomenda vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos. A pasta recomendou a vacinação prioritária aos jovens com deficiência e comorbidades.
NOVEMBRO
14 de novembro: Brasil ultrapassa Estados Unidos em porcentagem de vacinação completa contra Covid-19. Segundo a plataforma Our World in Data, que agrega em tempo real dados da vacinação e incidência de Covid-19 de vários países, nessa data 59,8% dos brasileiros haviam completado o esquema vacinal contra a Covid-19. Já nos Estados Unidos, o índice era de 57,6%.
25 de novembro: OMS identifica a variante ômicron do SARS-CoV-2. Detectada na África do Sul, a cepa entrou na categoria de variante de preocupação por ser considerada mais transmissível que a cepa original do novo coronavírus.
29 de novembro: Butantan publica os resultados consolidados do Projeto S em artigo científico. Submetido à revista The Lancet e publicado em formato de preprint, o estudo concluiu que a imunização de todos os adultos provocou proteção até na população não vacinada, reduzindo em 80,5% o número de casos de Covid-19 e em 94,9% as mortes causadas pela doença.
DEZEMBRO
16 de dezembro: Anvisa aprova uso de vacina contra Covid-19 em crianças de cinco a 11 anos. Apesar da autorização, o Ministério da Saúde não deu um prazo para o início da vacinação.
22 de dezembro: Região das Américas ultrapassa 100 milhões de casos de Covid-19, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) com os Estados Unidos gerando um aumento de 36% em casos na América do Norte.
23 de dezembro: Entidades médicas exigem aceleração da vacinação infantil. Médicos e especialistas da Câmara Técnica do Ministério da Saúde, e de entidades como Sociedade Brasileira de Imunologia, Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Brasileira de Pediatria pedem urgência na vacinação de crianças no Brasil. Muitos deles recomendam a CoronaVac por ser uma vacina de vírus inativado, tecnologia considerada altamente segura para população infantil.
28 de dezembro: Brasil tem 80% de sua população vacinada com as duas doses da vacina contra Covid-19, número que corresponde a ao menos 172 milhões de pessoas com idade acima de 12 anos, segundo o Ministério da Saúde.