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CoronaVac multiplica o nível de anticorpos neutralizantes em pessoas recuperadas da Covid-19, mostra estudo do Chile

Além de anticorpos, vacina induz resposta imune de linfócitos T e de células B de memória, potencializando a proteção


Publicado em: 04/05/2022

Um estudo chileno publicado na revista eBioMedicine, da The Lancet Discovery Science, mostrou que a CoronaVac aumenta mais de três vezes, para acima de 2.000, os títulos médios geométricos (GMT) de anticorpos neutralizantes em indivíduos com infecção prévia de SARS-CoV-2. A pesquisa foi conduzida pela Pontifícia Universidade Católica do Chile e pela Fundação Ciência e Vida, entre outras instituições.

Em indivíduos que tiveram doença leve a moderada, a CoronaVac elevou o nível de anticorpos neutralizantes de 174 para 2057,3 GMT. Já naqueles que haviam sido hospitalizados com doença grave, e por isso apresentavam mais anticorpos para combater a infecção, o aumento foi de 700,8 para 2113,6 GMT.

Para conduzir essa análise, os cientistas avaliaram a resposta imune natural de 74 indivíduos em recuperação da Covid-19 e observaram que houve uma rápida queda de anticorpos neutralizantes (nAb) ao longo de 12 meses. Destes participantes, 30 foram posteriormente vacinados com a CoronaVac e a maioria apresentou aumento na titulação de nAb, mostrando que a vacina é eficaz na ativação das células B de memória, produtoras de anticorpos.

Além disso, a efetividade de vida real da CoronaVac no Chile foi maior do que a eficácia estimada no estudo. Enquanto a proteção estimada contra infecções por Covid-19 foi de 50%, a proteção real foi de 65,9%. A vacina também protegeu 87,5% contra hospitalizações, 90,3% contra internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 86,3% contra mortes. “A imunidade conferida pela CoronaVac está provavelmente relacionada à indução de anticorpos neutralizantes e de mecanismos adicionais, como células T e memória imunológica”, afirmam os autores no artigo.

Segundo os pesquisadores, a queda de anticorpos neutralizantes ao longo do tempo em indivíduos convalescentes reforça que a vacinação é necessária para potencializar a resposta de anticorpos e de células de memória. “Estratégias de dose de reforço também são necessárias para controlar a pandemia e evitar reinfecções com novas variantes”, apontam.

 

CoronaVac aumenta proteção contra variantes

Uma pesquisa da China publicada recentemente também mostrou que a CoronaVac potencializa a imunidade de indivíduos previamente infectados, induzindo alta atividade neutralizante contra as variantes delta, alfa e beta do vírus SARS-CoV-2, além de aumentar a quantidade de anticorpos. Os anticorpos neutralizantes contra a cepa original e contra as variantes aumentaram de sete a 17 vezes.