Ainda que tenha oferecido a CoronaVac ao Ministério da Saúde já em julho de 2020, o governo federal só decidiu por comprar a vacina do Butantan contra a Covid-19 em janeiro de 2021, o que impactou nos prazos do envio de matéria-prima. Este foi um dos esclarecimentos feitos pelo governador de São Paulo, João Doria, e pelo diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, na entrevista coletiva desta sexta-feira (19/02), no Palácio dos Bandeirantes.
Em resposta às palavras do secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, que responsabilizou o Butantan pelo atraso da entrega da vacina à população, Dimas Covas lembrou que as vacinas do Instituto são as únicas que estão sendo produzidas em território nacional, e que já foram entregues até o momento 9,8 milhões de doses – ainda que o contrato para a compra dessas vacinas tenha sido firmado somente em 7 de janeiro e que a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial tenha ocorrido em 10 de janeiro.
Em 30 de julho de 2020, o Butantan enviou um ofício ao Ministério da Saúde oferecendo 60 milhões de vacinas ainda em 2020 e outras 100 milhões a partir de janeiro de 2021. Outros ofícios, com o mesmo teor, foram enviados em agosto, outubro e dezembro. Nenhum foi respondido. A assinatura do contrato só aconteceu em janeiro deste ano – dez dias depois, o Butantan já enviava ao Plano Nacional de Imunizações (PNI) as primeiras doses da vacina. "Isso demonstra claramente quem tem planejamento, quem olha pra saúde da população e quem não olha", afirmou Dimas.
Quanto ao atraso no envio de matéria-prima da China para a fabricação das vacinas, foi consequência das definições tardias do Ministério da Saúde. “Até 10 de janeiro havia total insegurança por parte dos parceiros chineses, não só da Sinovac, mas inclusive do governo chinês, de qual seria o futuro dessa parceria. Obviamente que isso teve impacto profundo nas decisões de exportação de matéria-prima. Se a matéria-prima não vai ser utilizada de forma adequada no Brasil, não tem motivo pra que ela chegue rapidamente”, explicou Dimas.
Os próximos lotes contendo 3,4 milhões de doses da vacina do Butantan serão enviados a partir do dia 23 e estão sendo produzidos com matéria-prima que chegou nos dias 03/02 e 10/02, e que era esperada na primeira quinzena de janeiro.
Vacinas já entregues ao Ministério da Saúde:
17/01 – 6 milhões de doses
22/01 – 900 mil doses
29/01 - 1,8 milhão de doses
02/02 – 1,1 milhão de doses
Próximos lotes a serem enviados:
23/02 a 02/03 – 3,4 milhões de doses
Total geral até 31/03: 27,1 milhões de doses
Previsão das próximas entregas*:
Em abril: 18,9 milhões (depende da chegada de novos insumos da china)
Total geral de janeiro a abril: 46 milhões de doses (encerrando o primeiro contrato com o Ministério da Saúde)
Entre maio e agosto: 54 milhões de doses (objeto do segundo contrato com o Ministério da Saúde)
*As entregas do Butantan a partir de abril dependem do envio de matéria-prima da China. Para completar as primeiras 46 milhões de doses, são necessários mais 12 mil litros de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), que serão enviados em duas cargas – uma de 8 mil litros, outra de 4 mil litros. Ambos carregamentos aguardam autorização para exportação na China.