Cerca de metade da população mundial vive em risco constante de contrair algum vírus da dengue. Transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a doença se manifesta de forma leve ou assintomática na maioria dos casos, mas uma em cada 20 pessoas pode desenvolver a dengue grave, antes conhecida como dengue hemorrágica, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. O risco é maior quando o indivíduo sofre uma segunda infecção, o que pode ocorrer devido à existência de quatro subtipos do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4).
Os sintomas clássicos da dengue podem incluir febre alta (40°C), forte dor de cabeça, manchas vermelhas pelo corpo, dor atrás dos olhos, dores musculares e nas articulações, além de náuseas e vômitos.
Ao final da primeira semana, algumas pessoas podem entrar na fase crítica da doença, a chamada dengue com sinais de alarme. Ela costuma ocorrer quando a febre começa a baixar e o paciente sente uma “falsa melhora”, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse momento, podem aparecer os seguintes sintomas:
• Dor abdominal intensa
• Vômito persistente, às vezes com sangue
• Sangramento nas gengivas ou nariz
• Sangue nas fezes
• Dificuldade respiratória
• Confusão mental
• Fadiga
• Desidratação e sensação de boca seca
• Pele pálida
• Fraqueza
• Sonolência
• Hipotermia
• Pressão baixa
• Aumento repentino do hematócrito (porcentagem de hemácias)
• Queda abrupta de plaquetas
Caso o indivíduo comece a apresentar essas manifestações, é necessário procurar atendimento médico imediatamente, já que as próximas 24 a 48 horas são determinantes para evitar complicações e morte. Se não for tratado a nível hospitalar, o paciente pode evoluir para a dengue grave, que pode resultar em:
• Febre hemorrágica da dengue (extravasamento do plasma sanguíneo, que causa hemorragias severas)
• Síndrome do choque da dengue (colapso circulatório e falência múltipla dos órgãos)
Os países da Ásia e da América Latina são os mais afetados pela dengue grave, que se tornou uma das principais causas de hospitalização e morte entre crianças e adultos nessas regiões, aponta a OMS. Em 2019, foram registrados 3,1 milhões de casos de dengue na América Latina, sendo 28 mil graves, e 1.534 óbitos.
Tratamento
Como não existe uma terapia específica para a dengue, o tratamento é feito com base em hidratação e medicamentos para controlar os sintomas, como paracetamol. Deve-se evitar anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno e aspirina, já que eles afinam o sangue e aumentam o risco de hemorragias.
Prevenção
O Instituto Butantan está desenvolvendo uma vacina tetravalente contra a dengue, que deve ser capaz de proteger contra os quatro subtipos da doença. O imunizante está na fase 3 de ensaios clínicos e protegeu 79,6% dos vacinados, de acordo com um acompanhamento de dois anos com 16 mil voluntários que receberam uma dose única. A vacina teve um bom perfil de segurança tanto entre quem já tinha tido dengue como em pessoas sem contato prévio com o vírus. Os dados foram publicados na revista científica New England Journal of Medicine.
O controle dos vetores também é uma importante forma de prevenção, que deve ser mantida mesmo com a vacinação. Para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, deve-se evitar o acúmulo de água parada em locais que podem se tornar criadouros, como vasos de plantas, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção etc. O uso de repelentes, inseticidas e larvicidas e a aplicação de telas em janelas e portas são outras medidas eficazes.
Reportagem: Aline Tavares
*Essa matéria foi atualizada em 15/5/2024 de acordo com a nova classificação determinada pela OMS, que substituiu o termo “dengue hemorrágica” por “dengue grave”, uma vez que nem todos os casos graves apresentam hemorragia.