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Eficácia e efetividade: entenda as diferenças entre os conceitos e como um complementa o outro

Eficácia e efetividade: entenda as diferenças entre os conceitos e como um complementa o outro


Publicado em: 22/06/2021

Desde os primeiros anúncios de fabricação de vacinas no Brasil, estão sendo amplamente discutidas questões relacionadas à eficácia e à efetividade dos imunizantes. Por mais semelhantes que esses conceitos pareçam, existem diferenças fundamentais para o entendimento completo sobre os resultados e êxitos de cada vacina aprovada.

Eficácia

Um estudo de eficácia são os tradicionais ensaios clínicos de fase 3, que avaliam se um imunizante consegue ou não proteger o organismo de uma doença. Neles, uma vacina é aplicada em dois grupos de voluntários: um dos grupos recebe o imunizante e o outro recebe placebo. A eficácia é mensurada ao se comparar casos leves, moderados, graves e óbitos de voluntários que contraíram a doença, fazendo a diferenciação entre quem recebeu a vacina e quem recebeu placebo. Com as informações coletadas, é possível demonstrar o quão eficaz a vacina demonstra ser em um ambiente controlado, em que os cientistas monitoram os participantes do estudo. 

Eficácia da CoronaVac

A eficácia da CoronaVac, vacina do Butantan contra a Covid-19 desenvolvida em parceria com a biofarmacêutica chinesa Sinovac, foi comprovada no Brasil por meio de um estudo com 13.060 voluntários, todos profissionais da saúde, população altamente exposta ao vírus SARS-CoV-2. Os resultados finais do estudo clínico de fase 3, anunciados pelo Butantan em abril deste ano, demonstraram que a eficácia geral do imunizante é de 50,7%, e pode chegar a 62,3% quando o intervalo entre a primeira e a segunda dose da vacina for de 21 a 28 dias. 

Efetividade

É o impacto da vacina no mundo real. A efetividade mostra se a vacina foi capaz de imunizar um grande número de pessoas, analisando os dados de infecção e morte em decorrência da doença. O ambiente de estudo é menos controlado, e pode haver adversidades. É por meio dos dados sobre efetividade que se pode afirmar com quantas pessoas imunizadas é possível controlar uma doença, ou se pessoas não vacinadas também se beneficiam com o efeito indireto da vacinação. 

Um exemplo de estudo de efetividade é o Projeto S, do Butantan, que vacinou a população adulta da cidade de Serrana contra Covid-19, constatando que a imunização reduziu em 80% o número de casos sintomáticos, em 86% as internações e em 95% os óbitos. O estudo também mostrou que a vacinação da população leva à imunização inclusive de quem não tomou a vacina. Segundo os resultados do Projeto S, é possível controlar a pandemia com 75% da população imunizada.

Os estudos de vida real, que geralmente incluem uma população maior que as de estudos clínicos, permitem também a avaliação de eventos adversos mais raros. Por exemplo, no estudo de Serrana não foi observado nenhum evento adverso grave em uma população superior a 40 mil habitantes. Portanto, essas pesquisas asseguram uma avaliação de segurança adicional que é fundamental após o registro das vacinas pelas agências regulatórias.