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Varíola dos macacos é transmitida por contato com infectado e não é considerada sexualmente transmissível, diz virologista do Butantan

Via de transmissão da doença está sendo investigada por órgãos de saúde, mas ciência já tem comprovação


Publicado em: 26/05/2022

A transmissão da varíola dos macacos ainda está sendo investigada por órgãos de saúde, mas a Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido (UKHSA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhecem que a doença pode ser adquirida por qualquer pessoa que tiver contato com uma pessoa ou animal infectado, isto é, homens, mulheres e crianças. 

Saiba mais: Varíola dos macacos: o que é a doença, seus sintomas e por que ela afeta humanos

O reconhecimento leva em conta toda a literatura científica sobre o vírus da varíola dos macacos (monkeypox, em inglês), descoberto em 1958. De acordo com estudos anteriores, a transmissão entre humanos acontece pelo contato próximo de qualquer pessoa, independentemente do gênero, da idade e do contato sexual, com alguém infectado, principalmente com as lesões na pele, secreções respiratórias e vesiculares, assim como fômites (superfícies ou objetos contaminados), incluindo roupa de cama e toalhas.

“Basta um contato próximo com quem tem lesões na pele contendo o vírus ou secreções da pessoa infectada para se infectar. O vírus é bastante resistente, principalmente à dessecação [secura extrema]”, explica a diretora do laboratório de virologia do Butantan, Viviane Botosso.

Vale salientar que a varíola dos macacos nunca foi considerada uma doença transmitida por via sexual, já que outras formas de contato são suficientes para disseminar o vírus. “Homens, mulheres, crianças, todos que tiverem contato com alguém infectado nas condições já ditas podem se infectar”, ressalta.

A varíola dos macacos circula de maneira endêmica em regiões da África, sendo descritos, ocasionalmente, surtos em países fora do continente. Entretanto, foi verificado no decorrer do último mês um número crescente de casos em ao menos 12 diferentes países não africanos. 

Segundo a OMS, além da transmissão pelo contato próximo com lesões, fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados de pessoas infectadas, a ingestão de carne e outros produtos mal cozidos de animais infectados é um possível fator de risco.