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Mitos e verdades sobre o vírus influenza, um dos patógenos mais antigos descobertos pela humanidade

Muitas fakes news foram disseminadas sobre o vírus e a vacina, porém a ciência e os números as desmentem


Publicado em: 06/04/2022

O vírus influenza, causador da gripe, é um dos patógenos mais antigos descobertos pela humanidade. Os primeiros relatos de infecções de gripe, a doença causada por ele, são anteriores ao nascimento de Cristo. O vírus influenza permanece até hoje entre nós porque tem uma capacidade de mutação altíssima, o que exige que todos os anos sua vacina seja atualizada com as cepas mais circulantes no ano anterior em cada hemisfério. No Brasil, anualmente são distribuídas 80 milhões de doses de vacinas da gripe aos públicos mais vulneráveis e profissionais mais expostos.

Apesar dessa importância, diversos boatos e fake news sobre a influenza ainda circulam por aí. Conheça a seguir três mitos e três verdades sobre a gripe e sua vacina e lembre-se: a campanha anual de vacinação contra a gripe começa em abril! Programe-se!

 

A influenza é uma doença leve e não mata: MITO

A influenza é um vírus que desenvolve mutações com muita facilidade. Por conta disso, acaba atingindo grande parte da população, até quem já foi vacinado. Em 2009, o mundo viveu a pandemia de H1N1, uma das variantes do vírus influenza que atinge seres humanos. Entre os anos de 2009 e 2010, foram mais de 18.400 mortes em todo o planeta, e cerca de 2.240 apenas no Brasil.

Como o vírus circula há séculos, é impossível precisar quantas mortes já causou. A estimativa é que mais de 50 milhões de pessoas tenham morrido em decorrência da influenza durante toda a história. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 1 bilhão de pessoas peguem gripe todos os anos, resultando em até 650 mil mortes por doenças respiratórias relacionadas ao vírus

 

A vacina causa gripe: MITO

A vacina da influenza é feita com tecnologia de vírus inativado, ou seja, ela contém o vírus morto. Ele não causa a doença, mas ajuda a induzir a resposta imunológica. Ter o vírus em sua composição não faz com que a vacina transmita gripe a quem é imunizado, justamente porque ele está inativado. O que pode ocorrer após a vacinação são efeitos adversos, que muitas vezes são confundidos com os sintomas da infecção. As reações adversas da vacina da influenza são, geralmente, dor no local da aplicação, certa irritação e em poucos casos febre, mas baixa.

 

A vacina da influenza protege contra o SARS-CoV-2: MITO

Isso não é verdade. As duas doenças têm vacinas específicas e protegem contra vírus de linhagens e famílias diferentes. Tanto a gripe quanto a Covid-19 se propagam pelo ar e têm sintomas parecidos, mas para estar protegido de ambas doenças é preciso tomar as duas vacinas. Se uma pessoa contrair Covid-19 e gripe ao mesmo tempo, seu sistema imunológico sofrerá uma sobrecarga ao combater as duas infecções simultaneamente. Estar imunizado contra a influenza também ajuda a eliminar a hipótese de a pessoa estar com gripe na hora de um possível diagnóstico de Covid-19.

 

Resfriado não é a mesma coisa que gripe: VERDADE

O resfriado e a gripe são doenças com efeitos diferentes e causadas por patógenos diferentes. Enquanto a gripe é causada pelo vírus influenza, o resfriado, em sua maioria, é provocado pelo rinovírus. Os sintomas também são diferentes: quando uma pessoa é infectada pelo vírus influenza, costuma ter febre, vermelhidão na face, dor no corpo e cansaço. Geralmente, no quarto dia os sintomas do corpo diminuem e os problemas respiratórios aumentam. Já no resfriado, os sintomas são coceira no nariz e irritação na garganta, seguidas de espirros constantes e congestão nasal. Diferentemente da gripe, o resfriado não causa febre. Ambas doenças causam secreção nasal e os espirros.

 

A vacina da influenza é atualizada todos os anos: VERDADE

Todos os anos, a vacina da influenza é atualizada conforme as cepas mais circulantes no ano anterior em cada hemisfério. Isso acontece porque o vírus causador da gripe sofre mutações sazonais, e a vacina precisa ser atualizada para continuar protegendo da doença. O imunizante trivalente é composto pelos três subtipos do vírus influenza que mais circularam no ano anterior no hemisfério sul, conforme o monitoramento da Organização Mundial da Saúde. Em 2022, as variantes que compõem as 80 milhões de doses que o Butantan entrega anualmente ao Ministério da Saúde são H1N1, H3N2 (Darwin) e a cepa B. A variante Darwin, aliás, foi a causadora do surto de gripe vivido pelo Brasil no fim de 2021 e início de 2022.

 

SAIBA MAIS: Já vivemos pelo menos seis pandemias de influenza

Apesar de ser uma doença endêmica, a influenza já causou diversas pandemias, principalmente no século 20, afetando diversos países:

Gripe Espanhola (1918 – 1920): causada pelo subtipo H1N1, foi uma das pandemias de maior mortalidade da história, atingindo 2% na população de 20 a 39 anos. Estima-se que 40 milhões de pessoas tenham morrido em decorrência da gripe espanhola e que 50% da população mundial tenha sido infectada.

Gripe Asiática (1957-1958): ocorreu na China e foi causada pelo subtipo H3N2. As mortes aconteceram em duas ondas, que mataram mais de quatro milhões de pessoas.

Gripe de Hong Kong (1968 – 1969): o subtipo responsável por essa pandemia foi o H3N2, que matou cerca de um milhão de pessoas. A incidência foi de 40% entre crianças de dez a 14 anos.

Gripe Russa (1977 – 1978): também causada pelo subtipo H1N1, essa pandemia se disseminou mundialmente em apenas quatro meses. Não há números confirmados de mortes, mas a população com menos de 20 anos foi a mais afetada.

Gripe Aviária (2003 – 2004): causada pelo subtipo H5N1, que foi transmitido de aves para os humanos. Ela ocorreu na Ásia. Cerca de 100 milhões de aves morreram ou foram sacrificadas para controlar a doença.

Gripe Suína (2009): a última grande pandemia causada pelo vírus influenza, também teve como responsável o subtipo H1N1. Ao redor do mundo, foram mais de 600 mil casos e 18.400 mortes. O surto foi controlado por meio da vacinação.