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Você no Butantan - Sueli Pedroza, analista administrativa do LECC


Publicado em: 22/01/2020

Há 26 anos, Sueli Gomes Pedroza, passou num concurso para auxiliar de serviços gerais no Instituto Butantan e uma história começou a ser escrita. Hoje, aos 53 anos de idade, ela trabalha como analista administrativa júnior no Laboratório de Ciclo Celular (LECC) e se prepara para se aposentar como funcionária pública. Segundo ela, muita gente a ajudou nesta trajetória no Butantan, pessoas a quem é imensamente agradecida, mas sempre se esforçou bastante para aproveitar as oportunidades: “gosto de desafios, de aprender. O que não sei, eu procuro saber”.

Conheça a história de Sueli na entrevista que ela concedeu ao Você no Butantan a seguir.

 

Butantan Notícias - Quando você começou a trabalhar?

Sueli Pedroza - Minha família era muito simples, de apenas quatro pessoas. Na década de 70, por volta dos meus 14 anos, resolvi que queria ter as minhas coisinhas. Então meu pai me disse que se eu quisesse isso, eu teria que trabalhar. Então, não pensei duas vezes.

Eu estudava à tarde, então consegui um emprego para trabalhar como ajudante de caixa num sacolão no bairro do Jardim Peri Peri, mas como eu era menor de idade, depois de oito meses chefe achou melhor que eu saísse.

Mas eu não desisti por isso. Logo em seguida fui trabalhar numa fábrica de peças de rádio e depois numa loja de confecção artesanal de flores.

Aos 18 anos, enfim, consegui um emprego como auxiliar de biblioteca no Instituto Mackenzie, que pra mim era um sonho, li muitos livros ali. Trabalhei lá por quatro anos, até a entrada do Fernando Collor como presidente. Isso mudou o país e mudou a minha vida. Numa leva de 20 pessoas, eu fui demitida.

E aí foi um desespero. Naquela época muita gente ficou desempregada também. Mas eu ainda consegui fazer alguns serviços só para não ficar completamente sem nada mesmo.

 

B.N. - E como você ingressou no Butantan?

S.P. - Quando eu ainda estava desempregada, meus pais se separaram e eu vim morar com o meu pai aqui no bairro do Butantã. Eu tinha conseguido um emprego como escriturária numa loja de portas e janelas de alumínio, já estava lá há dois anos, quando a minha madrasta, que trabalhava aqui no Hospital Vital Brazil na época, me falou de um concurso para auxiliar de serviços gerais. O medo de ficar desempregada novamente era enorme, então eu prestei, passei e em 1993 eu entrei no Butantan.

Muita gente me julgou na época, por deixar de ser escriturária, mas eu nunca vi assim. Ser auxiliar de serviços gerais é um trabalho digno como qualquer outro. Fiquei lotada na Biotecnologia por 22 anos, que era gerida pelo então diretor do Instituto Butantan, Isaías Raw.

Nessa época eu trabalhei bastante em bancada, lavando material. Trabalhei também no biotério, cuidando de camundongos e coelhos, limpando as caixas e na manutenção da limpeza.

Eu ainda tive a oportunidade de morar na Vila Residencial do Butantan entre os anos de 2002 e 2013, numa república para moças. E era uma delícia. A casa era ótima, com quintal! Estava sempre rodeada de verde, dos pássaros, e ainda tinha uma ótima vizinhança ali, todo o pessoal que trabalhava no Butantan. Foram os melhores 11 anos da minha vida.

 

B.N. - E como surgiu a oportunidade de mudar de área no Butantan?

S.P - A Lazara Campos, do Núcleo Institucional de Apoio ao Pesquisador (NAIP), me convidou para trabalhar lá em 2016 e eu não perdi essa oportunidade. Aproveitei para fazer cursos técnicos no SENAC, na área de gerenciamento de projetos, e lá fiquei por cerca de um ano e meio, trabalhando com pessoas excepcionais que viram o meu potencial e me ensinaram muito. Gerenciei, inclusive, o projeto BIOTA-FAPESP, do Dr. Inacio Junqueira e do Dr. Eneas de Carvalho, entre os anos de 2016 e 2017, mas minha mãe ficou doente, teve câncer de intestino, e eu tive que abandonar o projeto com muita tristeza. Hoje ela já está bem, apenas fazendo acompanhamento a cada seis meses.

Em junho 2017, então, fui designada pela Divisão de Desenvolvimento Científico (hoje Centro de Desenvolvimento Científico CDC) a trabalhar como secretária no Laboratório de Ciclo Celular (LECC) e aqui estou até hoje. Depois de 27 anos de Butantan, logo mais vou me aposentar como funcionária pública do Estado de São Paulo. Já apresentei todos os documentos e agora só estou aguardando a publicação no Diário Oficial. Mas eu ainda tenho um desafio que quero cumprir ainda esse ano, que é o de me matricular em uma faculdade.

 

B.N. - O que gosta de fazer nas horas vagas?

S.P- Eu tenho uma amiga há mais de 40 anos, a Deisy, que é como uma irmã. A gente sai, vai para barzinho. Eu vou também muito ao cinema, de filmes de ação. Sou fã incondicional dos personagens Marvel e o meu preferido é o Homem de Ferro, inclusive o ator (risos).

Quando eu tô em casa, gosto muito de assistir a séries, fui das que acompanhou todos os episódios de Game of Thrones e se decepcionou com o final. E eu curto muito ler e usar a internet.

Em resumo, eu também não preciso o tempo todo de companhia. Faço muitas coisas sozinha. Vou ao shopping, almoço. Sou uma pessoa muito independente. Adoro sair sozinha. Eu me curto muito

 

B.N - O que o Butantan representa para você?

S.P - O Butantan colaborou muito no meu crescimento como pessoa. Cada pessoa que conheci aqui me ajudou a me moldar, a fazer o certo e não fazer o errado.

E nesse sentido, eu preciso aproveitar para agradecer a muita gente: a lazara Campos, Vânia Souza e a Fernanda do NAIP, a Dra Yara Cury, e os Drs. Enéas de Carvalho e Inácio Junqueira, os meus amigos da Biotecnologia, Marisa Trevelim, Antonio de Oliveira, Fátima Mendonça, Maria José e o Sr. Joselino; o Dr. Paulo Lee Hoo e as Dras. Sandra Coccuzzo e Maria Carolina Sabbaga. Meus colegas do LECC que me receberam como membro da equipe, o pessoal da T.I., da Engenharia e do RH, a Jéssika Silva, que sempre me ajudam quando eu preciso.

O Butantan me deu muita força, muito apoio, me deu um emprego numa época muito difícil. O Butantan é, pra mim, um filho de 27 anos que eu vou carregar comigo para o resto da vida.

 

(por Luana Paiva)