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Você no Butantan - Alexandre Veloso Ribeiro


Publicado em: 06/11/2019

O interesse em trabalhar com animais peçonhentos sempre esteve presente na vida do biólogo Alexandre Veloso Ribeiro, 37, natural de São Roque e atualmente morando em São Paulo.

Trabalhando há 9 anos no Instituto Butantan, ele integra a equipe responsável pela extração do veneno de aranhas, escorpiões e lagartas, função que exige concentração, técnica e calma, características que fazem parte de sua personalidade. “Eu sou um cara tranquilo e, trabalhando aqui, eu percebi que a gente consegue levar a vida 'numa boa', fazendo o que gosta, sem estresse e trabalhando sempre”.

Nesta conversa para o “Você no Butantan”, o biólogo compartilha também seus hobbies e uma coincidência interessante em relação a sua profissão e o dia de seu casamento.

Butantan Notícias - Como você chegou ao Butantan?

Alexandre Veloso Ribeiro - No segundo ano da faculdade de Biologia, eu estava procurando estágios e descobri o último concurso que abriu pelo Instituto. Na época eu trabalhava em uma farmácia de manipulação, que deixei para trabalhar aqui. Isso foi em 2010. Entrar aqui foi uma realização de carreira, fiquei até em choque e pensava ‘será que estou aqui mesmo?’. Antes eu era só um visitante que costumava vir aos museus e tinha amigos que fizeram estágios aqui, então ter conquistado isso me trouxe muita alegria. Além disso, eu também sempre quis trabalhar com animais peçonhentos. Cresci e sempre morei em sítio, então tinha contato com serpentes e aranhas que apareciam por lá. Quando eu cheguei ao IB de início queria trabalhar com serpentes, mas como a demanda era alta e já havia muitas pessoas trabalhando com elas, me ofereceram o Laboratório de Artrópodes e quando o conheci, decidi que era onde eu ia ficar mesmo.

IB - Conte um pouco sobre seu trabalho realizado no Butantan:

Alexandre - Aqui eu trabalho com bioterismo, ou seja, cuido dos animais que são extraídos [que têm o veneno extraído para a produção de soros] e também faço a extração do veneno desses animais [para a produção de soros]. Outras atividades foram acrescentadas na rotina, por exemplo, hoje trabalhamos com as lagartas lonomias, que são insetos. Fora isso, têm as outras atividades de campo, palestras que eu sempre estou fazendo e cursos de capacitação que oferecemos.

IB - O que o Butantan representa para você?

Alexandre - Falar que é uma segunda casa é a resposta clichê, mas realmente é o lugar em que me sinto praticamente em casa. Aqui eu venho para trabalhar, para produzir, sempre estou buscando participar mais das atividades porque isso agrega bastante. Eu gosto muito do contato com as pessoas, então adoro os cursos e as palestras. O Butantan é um local de trabalho em que posso praticar minhas atividades preferidas, que é trabalhar com animais peçonhentos, com o foco em saúde e pesquisa. Eu também gostaria de destacar as amizades que tenho aqui. Hoje em dia tenho muitos amigos que surgiram daqui do Butantan, tenho um que considero meu irmão, que até parece fisicamente comigo, o Paulo Goldoni do LECZ [Laboratório Especial de Coleções Zoológicas]. Então, aqui, criei vínculos, nosso trabalho não é estressante, porém tem os momentos mais puxados, mas a gente consegue deixar mais leve com essa amizade e trabalhando com o que gostamos.

IB - Fora do Butantan, quais suas atividades preferidas?

Alexandre - Fora trabalhar com os animais peçonhentos, gosto de fotografia e de fotografar animais. Gosto bastante de desenhar e faço algumas ilustrações realistas também: às vezes alguém me pede um desenho específico, mas às vezes faço para mim mesmo também. Outro trabalho manual que gosto é marcenaria artística. Também curto do contato com a natureza e de fazer trilhas. Nestas atividades sempre estou com minha esposa Caroline, que é bióloga também. Uma história interessante é que em 2016, quando marcamos a data do nosso casamento, estávamos tão nervosos que nem percebemos que seria no Dia do Biólogo, 3 de setembro. Nós nos conhecemos na faculdade e nos formamos juntos. Me dei conta dessa coincidência uma semana antes do casamento, enquanto dava uma palestra sobre a profissão na faculdade em que me formei.

BN- O que você aprendeu trabalhando no laboratório?

Alexandre -Tudo o que aprendi desde que cheguei aqui foi graças ao IB, tanto sobre os animais peçonhentos, quanto sobre o manejo e as pesquisas em saúde relacionada e eles. Antes eu não fazia ideia de como funcionava uma extração de veneno, e hoje as pessoas me perguntam como sei de tudo isso. Quando trabalhamos com o que gostamos, a gente aprende a dar valor às coisas. Eu não viso ser um milionário ou um profissional que vai mandar do topo, eu sou um cara tranquilo e, trabalhando aqui, percebi que a gente consegue levar a vida 'numa boa', fazendo o que gosta, sem estresse e trabalhando sempre. 

 

(por Caroline Roque)

Data: 06/11/2019